Vânya Santos
Três policiais, sendo dois civis e um militar, foram presos durante a Operação Ali Babá, deflagrada na manhã de ontem pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que atuou em conjunto com a Corregedoria-geral da Polícia Civil e o Serviço de Investigação da Polícia Militar (PM2). Eles são acusados de extorsão, formação de quadrilha e de exigir para si dinheiro ou vantagem em razão da função que exercem (no caso dos servidores).
Informações policiais dão conta de que o grupo desviava drogas apreendidas para vender e quando encontrava veículos roubados revendia a terceiros para usufruir do valor da comercialização. A quadrilha atuava havia meses em Campo Grande, fez várias vítimas e algumas vezes os integrantes se passavam por delegados.
Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, a quadrilha era chefiada pelo investigador de polícia lotado na 5ª Delegacia de Polícia, Mahmod da Silva Degaiche, 43 anos, conhecido como Mamute. Também fazia parte do grupo o investigador da 3ª DP, Delson Silva Silveira, 40 anos, o soldado da Polícia Militar da Companhia de Guarda e Escolta, Vilmo Vitor Chimenez, 42 anos, o pedreiro Felipe Moreira Barreto, 21 anos e Juarez Pereira da Silva, 35 anos, que estava preso desde março.
Além dos quatro mandados de prisão temporária, foram cumpridos mandados de busca e apreensão de documentos, veículos e bens adquiridos de forma ilegal, em residências nos bairros Mata do Jacinto, Jardim Tijuca e Serra Azul.
Até o fechamento desta edição, o Gaeco não havia informado detalhes sobre os possíveis crimes cometidos.
Investigação
O caso começou a ser investigado pela Corregedoria-geral em abril deste ano, com a prisão do policial civil Cleber Sebastião da Silva Magalhães, da 5ª DP. Ele foi preso na BR-262, em Miranda, por policiais federais, transportando 14,5 quilos de cocaína num veículo Logan roubado, com placa clonada de um carro da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
No decorrer da investigação foi constatada a participação de um policial militar, sendo assim, foi elaborada uma força-tarefa, que contou com atuação de promotores de Justiça do Gaeco, promotora de Justiça da Polícia Militar, delegados e cerca de 40 policiais.
Processos
Conforme o assessor de imprensa da Polícia Civil, delegado Jefferson Luppi, será instaurado processo administrativo disciplinar para apurar acusação de extorsão contra os investigadores Mahmod e Delson. Se considerados culpados ao final do procedimento serão penalizados com ações que variam de advertência a demissão do serviço público. Sem comentar detalhes do suposto crime, o delegado disse apenas que a polícia considera a acusação “gravíssima”. “Os policiais terão direito a defesa, mas a Polícia Civil tomará medidas que o caso requer”.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Carlos Alberto David dos Santos, também afirmou que independentemente de ação criminal que será ajuizada determinou a instauração de processo disciplinar para avaliar se o policial tem condições de permanecer ou não na corporação.