O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva disse, em alto e bom som, que o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, é um babaca. A senadora Marisa Serrano, vice nacional tucana, acusou o governo federal e a ministra Dilma Rousseff, a candidata do PT ao Palácio do Planalto, de serem farsantes. Aqui nas plagas tupiniquins, o governador André Puccinelli, ontem cedo, mandou o seu canhonaço contra a oposição: o Partido dos Trabalhadores é burro. Tudo indica que a próxima campanha eleitoral será das mais animadas, acirradas e tristes. Se a disputa nem mesmo começou de fato (todos estão na fase de ensaio), imagine-se só o que poderá acontecer a partir de março, quando a disputa pelos votos será muito mais às claras. E, portanto, o tom das ofensas poderá atingir níveis mais altos. Na semana passada, o presidente Lula já avisava que o tiroteio eleitoral contra a oposição tucana será “do peito para cima”. Talvez achando que havia exagerado um pouco, Lula pediu desculpas de forma tímida, justificando que passara do ponto e que se comprometia a altear e melhorar o nível dos discursos. Mas quem entende um pouco de política e de campanha eleitoral sabe muito bem que as pancadas verbais, seguidas de desculpas, são uma praxe. Sabem, identicamente, que na hora do chamado vamos ver, será mesmo do peito para cima, pelos dois (ou mais) lados. A agressividade aflora bem antes do início real da disputa oficial, o que ocorrerá a partir de junho, mês das convenções. A rigor, a campanha até já começou, sim, com os tribunais regionais eleitorais fazendo de conta que nada ouvem e muito menos enxergam. Aparentemente, haverá maior flexibilização das regras em relação ao pleito de outubro. De qualquer forma, é lamentável que se perceba essa tendência à agressão aos candidatos. Desde há muito que os políticos perderam o saudável hábito de apresentar propostas de governo convincentes, ganhando votos através do poder de convencimento de que um será melhor do que o outro. Mas não restam dúvidas de que boa parte da população gosta de assistir ao brigueiro, tomando-se por base o costume de que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Há, inclusive, os que se definem por este ou por aquele candidato julgando-o ou mais ou menos “macho”. O que se mediria com base no volume das ofensas, principalmente nos palanques eletrônicos, instalados legalmente através das emissoras de televisão, que acabam sendo, em muitos casos, vítimas destas mesmas ofensas. Foi o tempo em que eleição se ganhava com boas propostas. O negócio, agora e ao que se deduz das últimas falas, é bater mesmo do peito para cima. De preferência nas fuças. E já começaram as primeiras pegadas.