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Teste Onze

Teste Onze

Redação

15/09/2010 - 11h14
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Ruas costumam ganhar nomes que inspiram, como Liberdade, ou que reverenciam quem inspirou. Que tipo de homenagem traria a Onze de Setembro, ruela de dez esquinas no classe média Itanhangá? “Eu acho que é em minha homenagem, porque eu sou contra o Bush”, opina Zaira Catarina Portela, 81 anos ― metade deles no mesmo endereço. Quando chegou ao lugar, três décadas antes do atentando terrorista que estarreceu o mundo e fez norte-americanos mostrarem os dentes aos árabes, as cartas já chegavam endereçadas com esse nome. Então, concluímos que não há onda contrária aos Estados Unidos por lá? Mais ou menos: “Eu não gosto de americanos, nem do Bush”, diz Zaira, “porque ele fazia muita maldade para o mundo. O Obama é diferente, porque ele é mimoso, ama a família e tem muito coração”, defende a professora aposentada, eleita vereadora por dois mandatos em Ponta Porã.

 

À noite, a Onze de Setembro não tem atrativos. De dia, tampouco. Algumas portas comerciais começam a se abrir para clientes em busca de imóveis e outros serviços, mas famílias ainda são maioria. O pouco movimento de carros aproveita o acesso ao centro da cidade, com menor tráfego. O paraguaio Arsênio Ortiz, “de 60 e poucos”, recebe um ou outro interessado em cortar o cabelo e fazer a barba. “Hoje é muito fácil se barbear em casa, com esses aparelhinhos de plástico que vendem em supermercados...”, diz, em compreensível desprezo pelos “aparelhinhos”.

 

Sabe por que o nome da sua rua, Ortiz? “Não, nem sei”, solta, espreguiçando-se na cadeira de fio no canto do salão. Agora que os homens diminuíram as idas ao barbeiro, sobra tempo para cochilos ao pé de televisão. E por falar nela: “Já passou muita gente da televisão aqui”, conta o barbeiro, “os daquela novela que se passava no Pantanal vinham aqui cortar e, esses tempos, umas meninas fizeram um trabalho comigo e ganharam primeiro lugar”.O cartão de visita está na parede: a nota de compra das suas duas cadeiras data de 1934. As relíquias custaram R 1640 $ 000 ― era assim que se escrevia 1,64 milhão de réis, o bisavô do real, que circulou de 1833 a 1942.

 

Ortiz e Zaira, que adora novelas, são velhos conhecidos. Viveram em Ponta Porã, quando a erva-mate tinha mais fôlego do que o comércio de bugigangas eletrônicas paraguaias. “Meu pai era produtor lá”, lembra a ex-professora, que fala em pausas estudadas. Sentada no sofá da sala, ela coloca as mãos nos joelhos quando a conversa toma corpo, e junta-as no ar, em forma de gancho, para dizer que “os americanos sugaram a Latinoamérica”. Aos 81, ela não tem pressa para falar, mas tem para morrer. Dito assim, de maneira direta, parece deseducado com a frágil e receptiva senhora, até beira o mau agouro; mas, como para ela “morrer é trocar de dimensão”, posso afirmar que esse é um desejo de boa viagem, como as homenagens prestadas aos mortos nas placas das ruas. A Onze de Setembro, ao contrário dessa regra póstuma, comemora um nascimento.

 

Na Campo Grande do século passado, chácaras se formaram na beira dos córregos e as famílias cresceram em terras férteis. A urbanização tornou necessária a divisão em lotes, que viraram quarteirões de bairros tradicionais, formados por ruas que contam a história da cidade. Em uma dessas chácaras, o mineiro Theotônio e Teresa Rosa Pires criaram seus filhos. Um deles, Diomedes, nasceu em 11 de setembro. O pai, satisfeitíssimo com a chegada do garoto, lhe deu de presente uma rua, ou melhor, tornou a rua da então Vila dos Rosa Pires memória de seu nascimento. Mas, para quem passa por ali, parece mais um nome de rua em homenagem aos mortos. E o engano não é descabido: Diomedes, como os milhares de cidadãos honrados que viraram nome de rua, morreu há quase duas décadas.


 

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Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

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A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

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Prefeita prevê conclusão das obras de saneamento básico na Homex em 60 dias

Segundo a Águas Guariroba, as obras iniciaram há 10 dias e até o momento foram instalados 3,5 km de rede de esgoto.

27/03/2024 16h45

Fotos: Gerson Oliveira

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Após anos de luta, cerca de 1,5 mil famílias que residem na comunidade Homex, localizada no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande, terão acesso ao sistema de saneamento básico de água e esgoto. A prefeita Adriane Lopes (PP) e o presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, realizaram uma visita técnica para inspecionar o andamento das obras iniciadas há dez dias. Segundo o cronograma, a previsão de conclusão é de 60 dias. 

Até o momento, foram instalados 3,5 km de rede de esgoto na Comunidade do Homex. O investimento, proveniente de uma parceria público-privada com a concessionária Águas Guariroba, é de aproximadamente R$8 milhões

De acordo com o diretor executivo das Águas Guariroba, Gabriel Brum, foram instalados 8,7 quilômetros de rede de água e outros 12 km de rede de esgoto na comunidade. 

"Esta é uma obra bem complexa por causa de diversas instalações que acabamos encontrando debaixo das casas. Infelizmente agora é uma dor de cabeça aos moradores, mas em breve será de muita alegria, porque o nosso objetivo é terminar em 60 dias",  relatou ao Correio do Estado.  

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A prefeita Adriane Lopes destacou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Ela ainda ressaltou que a disponibilidade de água tratada nas torneiras irá reduzir as filas nas unidades de saúde e, consequentemente, promover o bem-estar dos moradores

"Estamos avançando nessa obra de grande importância para a comunidade. São mais de 1,5 mil famílias, e cerca de 5 mil pessoas que terão saneamento que é vida", afirmou. 

Durante a apresentação do mapa das obras para a imprensa, o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, anunciou que, no primeiro mês após a instalação, não será cobrada tarifa de água e esgoto dos moradores.

"Além de não pagarem água e esgoto no primeiro mês, as famílias serão cadastradas na tarifa social. Vamos passar pela comunidade ensinando as famílias a consumir a água", explica Themis Oliveira.


Qualidade de vida 

Observando de longe o trabalho dos funcionários da Águas Guariroba, Clair Lopes, de anos, é residente da Comunidade do Homex há 8 anos, tentava entender o que estava acontecendo. Após a imprensa relatar que seria instalada uma rede de esgoto e água, ela ficou extremamente animada com a expectativa de ter água limpa na torneira. Junto com ela, moram quatro pessoas: seu marido, seu filho e uma filha que está grávida. 

"Nossa, que alegria ouvir isso. Será uma benção, é tudo que a gente queria, ter água limpa em casa. Meus netos todos já tiveram diarreia e agora vamos ter uma água boa para nós consumir", relatou.

Clair ainda expressou sua ansiedade por poder tomar um banho demorado, já que a família atualmente precisa se banhar com baldes.

"Não vejo a hora de poder tomar banho de verdade, ninguém merece ter que usar baldinho", relatou Clair.

 

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