Inst ituciona l izado em Mato Grosso do Sul como costume, trazido pelos paragua ios no sécu lo 19, o tereré será o próximo bem patrimonial imaterial a ser tombado pelo Estado. Em novembro do ano passado, a cerâmica terena recebeu o registro reconhecido em esfera regional e, nesta quinta- feira, decreto tombou o Banho de São João, de Corumbá. Dos bens de natu reza imaterial do Estado, a viola de cocho, instrumento rúst ico constru ído pelos cururueiros do Pantanal, foi reconhecida nacionalmente em dezembro de 2004. Foi o quinto bem de natureza imaterial a ser registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Banho de São João deverá ser o próximo. O tombamento do tereré, um ritual de saborear a bebida (erva-mate com água gelada) na guampa de chifre de boi, na roda de amigos no fim da tarde, foi deflagrado pela Prefeitura de Ponta Porã. A cidade fronteiriça se potencializou até os anos 40 do século passado como maior produtora de ervais sob o monopólio da legendária Companhia Matte Laranjeira. Ícone da cultura O pedido encaminhado à Fundação de Cultura de MS, em 2009, será precedido de um projeto de pesquisa que envolve enfoques antropológicos, biológicos, farmacológicos, históricos, entre outros aspectos. O presidente da fundação, Américo Calheiros, disse que a proposta é focar, também, a reconstrução histórica acerca da importância da produção ervateira. “É um fato histórico que precisa ser desdobrado, ter o alcance que merece”, comentou, obser va ndo que o registro do tereré como bem imaterial preservará um símbolo fronteiriço incorporado à cultura sul-mato- grossense. “As pessoas se sentem extasiadas com seu sabor diferente, a roda do tereré é única, o compartilhamento celebra a amizade”, completou. Andor e foguetório O inventário do tereré será concluído até o próximo ano, segundo Calheiros, que esteve em Corumbá para a cerimônia da assinatura do decreto que imortalizou o Banho de São João, uma das maiores expressões culturais do País. Na celebração do ato, um andor reviveu, com emoções e foguetório, o momento da procissão sacro- profana para batizar o santo no Rio Paraguai. No mesmo evento, o Estado liberou R$ 230 mil para as entidades carnavalescas de Corumbá, mas a prefeitura local quer mais verba. A Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal pediu R$ 500 mil para bancar parte do investimento do município em infraestrutura para o carnaval de rua. Divergências políticas, no entanto, destoam a harmonia da folia.