MICHELLE ROSSI
bruno grubertt
De acordo com a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) em Mato Grosso do Sul já são 2,7 mil bovinos mortos, em decorrência de hipotermia ocasionada pela forte onda de frio que atinge todo o Estado. Até o momento as regiões mais atingidas são o sul e oeste, nos municípos de Caarapó, Antônio João e Ponta Porã.
O balanço foi divulgado ontem, no fim da tarde, depois que cerca de 180 técnicos da agência percorreram propriedades rurais de, pelo menos, seis localidades, para contabilizar os prejuízos. Ponta Porã e Antônio João foram os locais em que mais mortes foram contabilizadas — 520 e 300 cabeças, respectivamente. “Pode ser que algum técnico ainda esteja no campo e nos traga dados novos, mas, por enquanto, os números são esses”, justificou a diretora-presidente da Iagro, Maria Cristina Carrijo. De acordo com produtores rurais de Caarapó, pelo menos 700 cabeças morreram de frio no município.
Necropsias estão sendo realizadas no gado morto para constatação de possíveis contaminações por bactérias. “Em uma semana vamos ter as respostas dos exames macro e microscópicos nos animais para então identificarmos possíveis bactérias oportunistas que podem ter se instalado nos organismos dos bovinos com o frio. Mas posso adiantar que a causa principal da morte dos animais foi mesmo a hipotermia”, disse Maria Cristina Carrijo. Nos últimos dias houve até registros de sensação térmica abaixo de zero no Estado.
A recomendação da Iagro é de que os animais mortos sejam enterrados, quando identificados, para serem evitados problemas como infestações de bactérias no restante do rebanho, caso as carcaças fiquem expostas em estado de putrefação no ambiente. “Devem ser abertas valas – longe das nascentes dos rios – para que os animais sejam enterrados, caso contrário vamos começar a ter outros problemas com o surgimento de infestações”, constatou.
A mortandade de milhares de animais por conta do frio não é situação muito comum mas já havia sido registrada em duas situações na história recente do Estado: em 2000 e em 1979, segundo a diretora da Iagro. A raça nelore é predominante nos rebanhos do Estado e está adaptada ao clima tropical, portanto, sofre bastante com as quedas bruscas de temperatura. “As áreas de pasto têm sido revezadas com as lavouras e nem sempre as áreas de mata preservada (reserva legal) numa propriedade estão próximas de onde o gado é criado”, apontou Maria Cristina, informando que a recomendação é tentar conduzir os animais para abrigos, se possível.
Prejuízos
Há relatos à Iagro de grandes prejuízos em pequenas propriedades rurais, segundo a diretora da agência. “Sabemos, por exemplo, de uma pessoa que perdeu 100 cabeças de gado, das 300 que tinha”, citou.
O diretor-secretário da Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), Dácio Queiroz, informou que ainda é cedo para definir como a situação será tratada na entidade. “Estamos esperando as temperaturas ficarem maiores para contabilizarmos o prejuízo da temporada e então nos reunirmos. Dependendo, vamos pleitear uma linha de crédito especial para os proprietários prejudicados”, citou.