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Tamanho não é documento!

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HERMANO DE MELO, MÉDICO-VETERINÁRIO, PESQUISADOR E ESTUDANTE DE JORNALISMO

09/03/2010 - 08h04
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Conforme amplamente divulgado pela mídia estrangeira e nacional, cientistas italianos querem criar uma raça bovina semelhante ao Auroque, um boi primitivo que media dois metros de altura, pesava uma tonelada e tinha chifres de 1,40m de comprimento! Essa espécie de boi gigante, o Bos primigenius, também conhecido como Uro, surgiu no norte da Índia há dois milhões de anos, e foi declarada extinta em 1627, quando a última fêmea morreu nas florestas da Polônia. A justificativa para a execução da pesquisa é que os italianos acreditam que por ser muito resistente às condições adversas, como frio, calor e pouca oferta de alimento, o Auroque pode ser muito útil para a humanidade em tempos de aquecimento global. (BBCBrasil/FolhaOnline,01/02/10). Para “ressuscitar” o boi gigante, os cientistas do Consórcio para Experimentação, Divulgação e Aplicação de biotecnologia Inovadora de Benevento, no Sul da Itália, cruzaram inicialmente três raças de bois com DNA similares ao do Auroque: a italiana Maremmano Primitivo, a escocesa Scottish Highland e a espanhola Pajuna. O nascimento do primeiro exemplar desse cruzamento deve ocorrer agora em fevereiro, na Holanda. O diretor do Consórcio que encabeça o projeto, Donato Matassino, explicou: “Vamos reconstituir, passo a passo, a combinação genética do boi primitivo. Esse é um primeiro cruzamento de uma série. O animal recém-nascido vai nos dar material para usar em futuros cruzamentos”. E completou: “Vai levar alguns anos para se chegar ao animal mais próximo do boi ancestral” (BBC Brasil, 01/02/10). É evidente que a pesquisa levada a cabo pelos cientistas italianos é importante, principalmente no seu aspecto histórico/cultural/arqueológico. Afinal, fósseis encontrados na Itália, por exemplo, revelaram a presença do Auroque no continente no período neolítico, ou seja, entre 7 e 4 mil anos a.C, e a passagem do animal pela Europa está registrada em pinturas rupestres, nas cavernas de Lascaux na França e de Altamira na Espanha. Conta-se, inclusive, que em sua narrativa das guerras gaélicas, o líder romano Júlio César descreveu o boi primitivo como “um pouco menor que um elefante, mas de cor, aparência e formato de um touro”, e “sua força e velocidade são extraordinárias”. E até os nazistas tentaram ressuscitar o Auroque, por acreditarem que por causa de sua resistência poderiam utilizá-lo para habitar os territórios conquistados no leste europeu. Outra justificativa para a execução da pesquisa, segundo os autores, é que embora existam hoje raças bovinas de criação intensiva que produzem mais leite e carne do que o Auroque, elas exigem pastagens e cuidados muito mais complexos do que os do boi troglodita! (Globo.com, 01/02/10). Mas apesar de reconhecer a importância de “ressuscitar” o boi primitivo, por ele ser um animal rústico, pouco exigente na alimentação e resistente às intempéries do clima, não se pode, a priori, preconizar o seu retorno ao mundo pecuário atual, sem saber dos motivos que o levaram à extinção há cerca de 400 anos! Se conforme a teoria da evolução e seleção natural (Charles Darwin/Wallace,1859), indivíduos melhor adaptados ao meio têm maiores chances de sobreviver, é muito provável que o Auroque, a exemplo dos dinossauros, mamutes, e outras espécies animais extintas no passado, devido ao seu tamanho avantajado, foi presa fácil de predadores da época (inclusive do homem!), o que contribuiu para o seu desaparecimento da face da Terra. Isto significa que a despeito de sua aparente rusticidade e baixa exigência nutricional, é bem provável que devido à sua conformação corpórea exagerada (altura, peso, tamanho de chifres, etc.), o produto que os cientistas italianos pretendem obter ao final da pesquisa – o boi gigante – talvez não seja o padrão desejável de bovino para a pecuária de carne ou de leite dos dias atuais, e nem da próxima década. Na verdade, o que se procura obter hoje, tanto para corte como para leite, são animais relativamente pequenos, compactos, de alta conversão alimentar, pesados sim, mas não gigantes nem chifrudos! Ilustrativo nesse sentido foi a tentativa de proprietários dos touros gigantes ingleses “Chilli” e “The Marshall Field” de inseri-los no livro dos recordes “Guinness”,como os maiores bois do mundo em 2008 e 2009, respectivamente. Ocorre que o “Guinness Book”, para não encorajar a superalimentação de animais, não registra o maior boi do mundo desde 1910, quando foi eleito o boi “Old Ben”, que morreu em Kokomo, no Estado Americano de Indiana pesando 2,1t e medindo 1,95m de altura! (revistagloborural.com.br., 03/12/2008;Redação Terra, 27/12/2009). Por fim, quanto à afirmativa de que a recriação do Auroque pode ser útil para a humanidade em tempos de aquecimento global, ela é, no mínimo, polêmica. Na verdade, o que pode ocorrer é justamente o contrário: por se tratar de um “boi gigante”, tanto o consumo quanto o dispêndio de energia dele devem ser maiores que os dos “bois normais”, o que agravaria ainda mais o aquecimento do Planeta! Em resumo, a grande lição que se pode tirar do estudo dos pesquisadores italianos, talvez seja o que diz um trecho da letra da música de Lamartine Babo (1939), com Eduardo Dusek: “Tamanho não é documento,eu digo sem constrangimento, eu sou pequeno por fora, mas grande por dentro”. Ou, como diria a vovó: “Nos pequenos frascos é que se encontram as melhores essências!”.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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