Uma nova teoria surgiu em torno do sumiço do voo 370 da Malaysia Airlines. Dessa vez, envolve a política na Malásia e a recente onda de protestos no país.
Uma foto do arquivo pessoal do piloto, Zaharie Ahmad Shah, chamou a atenção das autoridades: nela, Shah usa uma camiseta em inglês com os dizeres “A democracia está morta”.
Investigações apontaram que ele é um seguidor “fanático e obsessivo” do líder malaio Anwar Ibrahim.
Líder da oposição, Ibrahim foi preso recentemente pelo governo por, teoricamente, praticar atos homossexuais (no país, o ato é considerado crime grave) – mas a prisão foi vista por muitos como puro ato político.
Sete horas antes do voo 370 sumir do radar, Ibrahim foi julgado e sentenciado a cinco anos de prisão.
Fontes anônima citadas pelo International Business Times disseram que o piloto Shah estava presente em parte do julgamento de Ibrahim. Ele saiu do tribunal direto para o aeroporto, onde faria o voo 370.
Assim, surgem as suspeitas de que Shah pode ter sequestrado o avião como um ato de protesto contra a política de seu país.
A polícia já trabalha com a forte hipótese de que o piloto ou o copiloto – ou alguém a bordo com conhecimentos de aeronáutica – mudou a rota do avião e se escondeu dos radares propositalmente.
O próprio Ibrahim, em entrevista ao jornal South China Morning Post, confirmou que Shah era um militante do partido:
"Eu não me lembro do nome dele, mas pela fotos que vi agora, eu me lembro de tê-lo visto nas reuniões do partido. Ele não tinha um cargo no partido, mas era um membro ativo e tirava fotos com os líderes do parlamento", disse.
Ele também confirmou que Shah o seguia no Twitter.
Contudo, a suspeita de o avião ter sido sequestrado por questões políticas merece cautela. A falta de competência das autoridades da Malásia em achar pistas sobre o avião está pressionando o primeiro-ministro Najib Razak e desgastando sua imagem.
Este, por sua vez, poderia ver no caso uma ótima chance de manchar a imagem de seu inimigo político ao ligá-lo a um suposto piloto fanático e criminoso.
Temendo serem responsabilizados de alguma maneira pelo suposto sequestro do avião, o partido de Ibrahim, o Parti Keadilan Rakyat, tratou logo de dizer que não há ligação entre o político e o piloto.
Disputa política
A ONU e a Anistia Internacional criticaram a prisão de Ibrahim, dizendo que era uma manobra política de Najib Razak para silenciar seu principal opositor.
Recentemente, Ibrahim abriu mão de seu assento no Parlamento, com a intenção de concorrer ao governo do estado de Selangor, o mais rico da Malásia. Reduto do partido da posição, a intenção de Ibrahim irritou o governo, que tratou de atacá-lo.
Em 2013, protestos violentos tomaram as ruas do país. Em janeiro, a população simpatizante da oposição saiu às ruas para protestar contra o governo.
Em maio, o povo protestou novamente, dessa vez contra o resultado das eleições gerais, que elegeu representantes para o parlamento. A oposição acusou o governo de fraudar os resultados.
Já em dezembro, a alta do preço dos alimentos revoltou a população, que entrou em choque com a polícia.
Um vídeo das câmeras de segurança do aeroporto mostram Shah sendo revistado, antes de embarcar: