Sob suspeita
23 ABR 10 - 07h:11
Como um dos maiores produtores mundiais de grãos e de cana, o Brasil certamente é um dos principais interessados na abertura deste enorme mercado europeu. Simplesmente desmerecer os dados deles e considerá-los como mais uma barreira comercial seria ingenuidade, pois com toda certeza os cortes internacionais imporiam vergonhosa derrota ao Brasil. É bem provável que este levantamento dos europeus esteja preocupado muito mais com questões econômicas que ambientais, pois uma adesão em massa aos biocombustíveis daria nova força econômica a países do hemisfério sul, tanto na América quanto na África, que historicamente estiveram relegados a segundo e terceiro planos . Então, possivelmente para forçar queda de preços, este poderoso bloco econômico apela a “estudos científicos” para manter o chamado terceiro mundo em seu devido lugar.
Este tipo de argumentação, porém, não passa de uma bandeira e de nada vale num tribunal. Por isso, os produtores brasileiros precisam fazer o máximo possível para derrubar a argumentação do bloco. Mecanizar a colheita da cana, o que acabaria com as queimadas, deveria ser uma das primeiras metas, que só será atingida se as autoridades locais adotarem medidas legais neste sentido. Evitar o plantio de cana em regiões que podem provocar polêmica é outra questão fundamental. E, neste aspecto as autoridades estaduais de Mato Grosso do Sul estão literalmente colocando em risco o País inteiro ao insistirem na liberação do plantio na bacia pantaneira. Sobram terras em regiões que não provocam qualquer tipo de questionamento, por isso esta insistência não faz sentido. Trata-se de absoluta falta de bom senso, pois é exatamente isto que os “adversários” procuram para impor barreiras comerciais utilizando a argumentação do ecologicamente correto.
O principal, porém, é investir em estudos para deixar claro se os biocombustíveis são ou não nocivos. Se forem, os produtores brasileiros terão de submeter-se à verdade e encontrar novos rumos. Contudo, somente estudos feitos por entidades sérias do Brasil podem receber o status de confiáveis. As tradicionais ONGs "verdes" automaticamente são suspeitas. Ninguém melhor que os cientistas da Embrapa, que conseguiram triplicar a produtividade da soja em duas décadas, para elucidar essa dúvida.