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JUSTIÇA

'Serial killer' assume crimes, mas dois médicos seguem presos

'Serial killer' assume crimes, mas dois médicos seguem presos

G1

19/05/2014 - 07h32
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Césio Brandão canta no coral de presidiários. Ele é médico. Foi condenado a 56 anos de cadeia. Os crimes: assassinar três crianças e tentar matar uma outra.

Fantástico: O senhor é um assassino?
Césio Brandão, preso: Não.

Anísio Ferreira de Souza também é médico e também está preso em uma cadeia de Belém, no Pará. Foi acusado de participar dos assassinatos, com Césio Brandão. Acabou condenado pelos mesmos crimes e por uma outra tentativa de homicídio. A pena dele é maior: 77 anos.

Fantástico: O senhor é um assassino?
Anísio Ferreira de Souza, preso: Não, senhor. Mas de maneira alguma.

Policiais civis e federais afirmam que médicos não tem culpa

Policiais civis e federais que participaram das investigações mais recentes também afirmam: os médicos não têm culpa.

Benilton Ferreira da Silva, policial federal aposentado: Totais. São inocentes.

Essa certeza veio depois da prisão de Francisco das Chagas, um ‘serial killer’: um assassino em série. Ele confessou ter matado 42 jovens, entre 1989 e 2003, no Pará e no Maranhão. 

Entre esses crimes, estão aqueles que levaram para a cadeia os dois médicos.

Em um vídeo inédito, obtido pelo Fantástico, ele diz que Césio e Anísio são inocentes, e assume a culpa: “Eu falei para eu livrar a barra de quem está lá pagando por uma coisa que a pessoa não cometeu, que é muito triste”, declara.

Minstério Público não acredita na inocência dos médicos
Condenados por um júri popular, Césio e Anísio já passaram oito anos presos. E para o Ministério Público, eles têm que continuar assim.

Fantástico: Os médicos são os assassinos?
Rosana Cordovil dos Santos, promotora de Justiça-PA: Tenho certeza absoluta. Porque eu estudei esse processo. Profundamente. Analisei todas as provas existentes contra Anísio e contra Césio e são provas robustas e mais do que suficientes para as condenações dos dois.

Francisco Chagas é preso 14 após primeiro assassinato
Quem está com a razão? Dezembro de 2003, 14 anos depois do primeiro assassinato no Pará. Francisco das Chagas é preso no Maranhão, suspeito de matar um garoto de 15 anos. 

Na casa dele, a polícia encontra duas ossadas de crianças. E Chagas confessa dezenas de mortes, uma a uma. Diz que ouvia ‘vozes’. “Uma coisa falando no meu ouvido que eu iria passar por uma decepção muito grande na vida”, conta Chagas.

Chagas conta que todas as 42 vítimas eram meninos, entre 4 e 15 anos. Que, no Pará, matou 12; e no Maranhão, 30. “Eu lembro que peguei ele pelo pescoço e fiquei enforcando ele”, revela.

Polícia concluiu que crimes foram cometidos por Francisco Chagas
A polícia mandou que ele indicasse os locais onde abordou e assassinou tantas crianças.

Fantástico: O senhor não tem dúvidas de que Chagas é o responsável por todos esses crimes?
Benilton Ferreira da Silva: Não tenho nenhuma dúvida.

“Chegamos à conclusão de que todos esses crimes, tanto no Maranhão como no Pará, tratava-se de um matador em série: Francisco das Chagas. Impressiona a riqueza de detalhes o depoimento dele”, declara Neyvaldo Silva - diretor da Divisão de Operações Especiais-PA.

Só que, entre os crimes serem cometidos e Francisco Chagas finalmente confessar, muitos anos se passaram. E, nesse período, outras pessoas foram condenadas pelos assassinatos de algumas dessas crianças. Como um homem, que ficou na cadeia por seis anos, quatro meses e 14 dias.

Acusado de crime no Maranhão foi solto após confissão de Francisco das Chagas
Fantástico: Como é sair da cadeia depois de ficar preso dos 24 aos 30 anos de idade?Robério Ribeiro Cruz, preso inocente: Fica aquela marca, não sai.

Hoje, Robério tem 42 anos. A vida virou pesadelo em julho de 1998, quando morava em São Luís, no Maranhão.

Foi acusado pela polícia de matar Júlio César Melo, de 11 anos, filho de uma ex-namorada.

Robério Ribeiro Cruz, pedreiro: Eu falei: ‘rapaz, eu não fiz isso não’.
Fantástico: Que você era inocente?
Robério Ribeiro Cruz, pedreiro: Exato, que eu não sabia.

Mas, depois, Robério acabou confessando.

Fantástico: Por que você fez isso?
Robério Ribeiro Cruz, pedreiro: Ameaça, tortura, me doparam, ameaçaram meus filhos de morte, a minha mãe.

Robério chegou a participar da uma reconstituição. E afirma que só repetiu o que os policiais mandaram que dissesse. "‘O, tu vai dizer que tu fez, assim, assim, assim’”, revela o pedreiro.
Depois da confissão de Francisco das Chagas, Robério ainda permaneceu um ano na cadeia.

Antes de ser solto, ele passou por uma acareação: ficou frente a frente com o verdadeiro assassino.

“Ele olhou para mim assim. Aí, começou a chorar: ‘olha, rapaz, tu não tem nada a ver com isso, fica tranquilo’", lembra Robério.

Fantástico: O Ministério Público denunciou e condenou um inocente?
Carlos Henrique de Menezes, promotor de Justiça-MA: O Ministério Público denunciou e o júri popular condenou o Robério, que depois veio a se saber que seria inocente.

Mãe de vítima fala sobre a reviravolta do caso
O Fantástico foi atrás da mãe de um jovem que foi assassinado para ver se conseguia entrevistar. Depois de sete horas de viagem, saindo de São Luís, o Fantástico localizou a mãe do menino Júlio César. A ex-namorada de Robério mora em Cururupu.

“A gente fica atônito, querendo saber por que que a gente acreditou naquilo, por que a polícia fez a gente acreditar naquilo”, conta Iraci Pereira, mãe de Júlio César.

Acusado de crime ganha liberdade e precisa mudar de Estado
Robério ganhou a liberdade, mas continuou sendo julgado pelas pessoas da cidade onde morava. Era apontado como assassino. Ele teve que recomeçar. Mudou de Estado. Agora, mora em Franca, no interior de São Paulo.

Robério pede na Justiça uma indenização do estado do Maranhão. O processo já dura oito anos. “Não paga o que eu passei, o que a minha família passou, que nós perdemos, certo? Não paga, mas pelo menos já é alguma coisa”, declara Robério.

Médicos acharam que também poderiam sair após confissão
Quando Robério foi solto, em 2004, os médicos Césio Brandão e Anísio Souza acharam que também poderiam sair. Mas, até agora, nada.

O advogado de um dos médicos presos entrou com o pedido de revisão criminal, ou seja, quer um novo julgamento. Mas o Tribunal de Justiça do Pará negou o pedido em março desse ano.

“Pensávamos que ia ser tudo consertado e muito em breve seríamos inocentados e pronto. Íamos buscar a nossa vida, e não aconteceu”, declara o médico Césio Brandão.

Os médicos e os 12 meninos mortos no Pará moravam em Altamira, a 800 quilômetros de Belém.

Ministério Público do Pará acredita que crimes estão ligados à suposta seita
Para o Ministério Público do Pará, os crimes de Altamira estão ligados a uma suposta seita satânica que realizava os rituais de magia negra, em uma mata fechada. Os meninos teriam sido vítimas desses rituais.

Em 1994, uma menina de 13 anos afirmou, em depoimento, que viu o médico Césio Brandão e outros dois homens arrastando dois meninos pelo cabelo, para dentro da mata. Que, depois de algumas horas, viu quando o grupo trouxe os garotos mortos. E que um deles estava com os olhos furados, despido e tinha sofrido uma mutilação sexual.

Fantástico: Vocês participaram de alguma seita satânica?
Césio: Não, senhor. Nunca.
Fantástico: O senhor também não, Seu Anísio?
Anísio: Não, senhor. Negativo.

No processo, aparece uma testemunha que teria visto um órgão sexual masculino dentro de um isopor, na clínica de Anísio. Essa testemunha foi assassinada.

Contra Césio, existe ainda um outro depoimento. Uma testemunha ouvida pelo Ministério Público disse que viu o médico Césio Flávio Brandão saindo do mato com o facão sujo de sangue, próximo do local onde depois foi encontrado o corpo de uma das vítimas.

“As provas são contundentes. Não fui eu que condenei, foi o conselho de sentença. A minha acusação foi sólida, tanto que o Tribunal de Justiça do Pará acatou a decisão dos jurados, manteve as condenações da mesma forma que o Superior Tribunal de Justiça”, diz Rosana Cordovil dos Santos, promotora de justiça do caso.

O problema é que quando os médicos foram condenados, em setembro de 2003, ainda não existia a confissão de Francisco das Chagas. O vídeo obtido pelo Fantástico foi gravado no segundo semestre de 2004, na Delegacia de Homicídios de São Luís.

Francisco Chagas se refere aos médicos condenados
Em um trecho, ele se refere a Anísio e Césio: "Quando eu tive oportunidade de falar sobre os casos de Altamira, porque esses casos, eu vou deixar uma coisa muito bem claro para vocês, se eu não quisesse ter falado, eu não tinha falado e não ia livrar a pele daqueles coitados que estavam lá. A pessoa está pagando por uma coisa que ela não fez”, diz Francisco das Chagas.

A polícia investigou se Chagas tinha relação com rituais satânicos. “Nenhuma relação, não encontramos qualquer vínculo do Francisco das Chagas com qualquer seita”, afirma Neyvaldo Silva - diretor da Divisão de Investigações e Operações Especiais-PA.

Parentes de meninos mortos no Pará não acreditam na confissão
Parentes de meninos mortos no Pará não acreditam na confissão. “Isso não entra na minha cabeça, que o Chagas tenha feito sozinho. Ele sozinho, não”, declara Rosa Pessoa, mãe de uma das vítimas.

“Tem alguém querendo colocar todas essas mortes nas costas do Chagas”, diz Maria Ester Queiros, irmã de uma das vítimas.

Os inquéritos da Polícia Federal dizem que Francisco das Chagas mostrou os locais das mortes em Altamira e que eram "relativamente próximos" de onde os corpos foram realmente encontrados.

“Ele lembra a exata hora em que ele pegou a criança, a hora em que ele assassinou, quanto tempo levou”, ressalta a escritora Ilana Casoy.

Especialista foi chamada pela polícia para acompanhar investigações
A especialista em criminologia Ilana Casoy foi chamada pela polícia para acompanhar as investigações. Ela é autora de dois livros sobre assassinos em série. “Eu não tenho dúvida da inocência desses dois médicos porque, principalmente, eu não tenho dúvida da autoria do Chagas”, afirma.

O Fantástico também falou com os parentes dos médicos presos. “Minha esperança é que seja concedida a revisão do processo e que ele vá a segundo júri, seja provada a inocência dele”, declara Lucimar Souza, mulher de Anísio.

Stefany era um bebê, quando o pai dela, o médico Césio Brandão, foi para a cadeia. “Eu passei no vestibular de direito da Universidade Federal do Espírito Santo em primeiro lugar e o meu pai não estava aqui”, conta.

Agora, ela espera que o pai possa estar na formatura, daqui a dois anos. “O autoproclamado assassino já confessou os crimes pelos quais o meu pai foi condenado e nada foi feito. Isso me revolta profundamente”, declara Stefany Brandão, filha de Césio.

“Césio é um inocente que merece que a sociedade reveja esse julgamento. Nós podemos estar diante de um grande, de um enorme erro judiciário”, afirma Roberto Lauria, advogado de Césio.

Médicos estão em cadeia superlotada
Anísio, 72 anos, e Césio, 56 anos, estão em uma cadeia superlotada. Nosso produtor apurou: a capacidade é para 169 presos, mas eles estão com cerca de 300.

Na prisão, Anísio teve três derrames.

Fantástico: Por que eu devo acreditar no senhor? Que o senhor é inocente?
Anísio: O senhor já ouviu falar de testemunha plantada? Plantaram as testemunhas.
Fantástico: Vocês conheceram ou tiveram algum contato com o Chagas no passado?
Césio: Nunca vi esse cidadão. Tudo isso é uma tortura. É um sofrimento muito grande.

Promotora acredita que Francisco Chagas enganou a Polícia Federal
A promotora que acusou os médicos discorda. “Eu ter assistido ao interrogatório do Francisco das Chagas me dá a certeza que ele enganou a Polícia Federal. Ele não me enganou porque eu conheço o processo. Ele pode muito bem ter utilizado o conhecimento que ele possuía dos fatos ocorridos na época que ele morava em Altamira para se auto incriminar e, dessa forma, beneficiar os outros acusados. Minha consciência está tranquila”, afirma a promotora de justiça.

A Polícia Federal afirma que "foram usadas modernas técnicas de investigação e, algumas delas, empregadas em investigações de assassinos em série, nos Estados Unidos". E que "reitera suas conclusões sobre o caso".

Atualmente Francisco Chagas nega assassinatos
O Fantástico foi ao Ministério Público de Altamira, para saber que fim levaram as investigações da Polícia Federal e da Polícia Civil, que apontam Francisco das Chagas como o verdadeiro assassino. Ele foi indiciado por 12 mortes, mas nunca foi julgado pela Justiça do Pará. Hoje, Chagas nega os assassinatos. Mesmo assim, no Maranhão, em março, foi condenado pela morte de três crianças. Somadas, as condenações de Chagas passam dos 385 anos.

Quanto aos médicos, nada está definido. A defesa entrou com um recurso no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, para um novo julgamento. Se nada mudar, a condenação de Anísio só vai terminar daqui a 69 anos. E a de Césio, em 48.

baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

Cidades

Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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