O Santos se manifestou após o documento divulgado pelo pai de Neymar, assinado em 8 de novembro de 2011 pelo presidente licenciado do clube, Luis Álvaro Ribeiro, que autorizou o jogador a negociar com outros clubes. Mesmo fora do pronunciamento, ocorrido à imprensa selecionada pelo próprio clube na tarde desta quarta-feira, na Vila Belmiro, o Terra teve acesso ao conteúdo.
O presidente em exercício, Odílio Rodrigues, disse que a mesma foi uma exigência do próprio pai do jogador para renovar o último contrato com o clube, no mesmo ano, e ainda explicou que teve negado o acesso ao contrato em que o Barcelona pagou 40 milhões de euros (cerca de R$ 133 milhões) a N&N, empresa criada pelo Neymar pai.
Odílio externou ainda que se reuniu na noite de terça, na Vila Belmiro, com Neymar da Silva Santos e o advogado. Além dele, estiveram presentes membros do atual Comitê Gestor e da antiga formação, como o ex-diretor de futebol Pedro Luiz Conceição. No encontro, pediu para que o próprio Neymar pai publicasse a autorização concedida pelo Santos.
O documento foi divulgado pouco antes do pronunciamento, iniciado às 16h30 (de Brasília), e desmentiu Luis Alvaro que disse, em entrevista à Rádio ESPN, de que nunca soube de qualquer negociação feita há três anos. O próprio dirigente é quem assina a carta, sendo descartada, portanto, qualquer hipótese de aliciamento do clube catalão.
"O Barcelona não aliciou ninguém. Os 10 milhões de euros não foram para o Neymar, foram para a N&N. Eu tinha a autorização para trabalhar para a N&N. Tenha a certeza que tinha a autorização do Santos", declarou Neymar pai.
O principal ponto, no entanto, foi que o dirigente também pediu para que Neymar da Silva Santos abrisse o contrato da N&N com o Barcelona. O mesmo foi negado sob alegação de uma "cláusula de confidencialidade". "O Santos estuda como ter acesso aos documentos e, se entender que tem dinheiro que caracterize a transferência do Neymar, certamentamente vai pleitear os seus direitos", disse Odílio ao SporTV.
Na Espanha, o Ministério Público investiga uma denúncia de um sócio do clube espanhol, Jordi Cases, sobre a negociação. Cases entrou com uma ação alegando que os valores da negociação superavam os 57 milhões de euros (cerca de R$ 188,9 milhões) anunciados oficialmente.
A justiça abriu ação contra o então presidente do Barcelona, Sandro Rosell. O jornal espanhol El Mundo divulgou que o valor total chegaria a 95 milhões de euros (cerca de R$ 314,8 milhões).
Um dia após, o novo presidente abriu os detalhes do contrato para justificar a diferença entre os valores divulgados. Os catalães afirmaram não haver fraude e elevando o custo da negociação para 86,2 milhões de euros (cerca de R$ 285,6 milhões), sendo quase metade à empresa do pai do atleta.
O Santos garante que ter recebido apenas 17,1 milhões de euros (R$ 54 milhões à época). Do montante, só teve direito a 55%, ou 9,4 milhões de euros (R$ 29,7 milhões), já que o Grupo DIS recebeu 40% da transação, enquanto a Teisa, grupo formado por conselheiros influentes, 5%. O clube ainda acertou por 8 milhões de euros (R$ 24 milhões) a preferência aos catalães na compra três promessas das categorias de base, além dos amistosos acordados.
"O presidente (Sandro Rosell) nos respondeu com uma cópia para a Fifa. Confirmou os 17,1 milhões ao Santos e alegou que os outros 40 milhões de euros não foram ao Santos e a nada ligado ao Santos, mas pagos a outros protagonistas da negociação, sem identificá-los", disse Odílio.