Carlos Henrique Braga
Na busca pela diversificação da matriz de transportes, Mato Grosso do Sul optou, pelo menos em tese, pelas ferrovias para desatolar as estradas. Hoje, 80% da produção é escoada por rodovias e 10% é enviado a centros consumidores por trilhos. Espera-se que essa participação suba para 40% nos próximos 15 anos. No entanto, investimentos públicos e privados são lentos como as locomotivas que impedem produtores rurais, por exemplo, de apostar no transporte ferroviário.
O Estado tem 1,6 mil quilômetros de trilhos, dos quais 1,2 mil são da Novoeste e 410 da Ferronorte, segundo o Ministério dos Transportes. É a maior extensão do Centro-Oeste: Goiás tem 637 quilômetros e Mato Grosso apenas 104.
Os trechos de maior extensão (Corumbá / Campo Grande / Aparecida do Taboado / Ponta Porã) são operados pela concessionária América Latina Logística (ALL), que pretende aumentar o rol de produtos transportados. Hoje, o minério tem maior peso. O gerente da companhia em MS disse, por meio da assessoria de imprensa, que há “projetos para crescermos, não só no minério, como também em soja, milho, combustível e outros”.
Na opinião do diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Estado, Marcelo Miranda, para ganhar impulso no agronegócio, a ALL vai precisar transmitir mais segurança ao produtor. “O problema da ALL é a confiabilidade e a rapidez, ela não tem isso”, analisa. Segundo Miranda, “ninguém vai colocar a produção em uma ferrovia que anda a 30 quilômetros por hora, mas sim em um caminhão, que é mais rápido”.
Para ele, faltam investimentos da empresa em modernização. A ALL afirmou que tem “planos positivos” quanto ao tempo de trânsito que vão aumentar a disponibilidade das vias, em breve.
Sobre investimentos por parte do governo federal, Miranda acredita que eles tendem a crescer, uma vez que a região Centro-Oeste é vista como importante produtora de alimentos.
O economista Paulo Ponzini avalia que a diversificação da matriz de transporte é importante porque “MS precisa alcançar centros consumidores por causa de seu mercado pequeno” e que os investimentos em ferrovias “não andam na velocidade que gostaríamos”.
A frente de obras da linha férrea que ligará Maracaju e Paraná, executada em parceria com o governo paranaense, marcada para 2010, ainda não chegou ao Estado.