Sem conseguir dormir há dez dias, o ex-deputado Roberto Jefferson, que recebeu recentemente um diagnóstico de tumor no pâncreas, diz não se arrepender do episódio em que denunciou, em junho de 2005, o pagamento mensal a deputados para manterem fidelidade ao governo e acusou o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, de comandar o esquema que foi batizado de mensalão. O ex-deputado acusa Dirceu de ter abastecido jornais e revistas de informações contra ele. "Eu vi no noticiário a marca da Casa Civil. O Zé Dirceu me atingiu, eu dei o troco. Ele me derrubou, eu o derrubei", relembrou Jefferson. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Ambos foram cassados pela Câmara e estão inelegíveis até 2015. No processo do mensalão, o presidente do PTB responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Jefferson diz que a origem dos ataques de Dirceu foi um acordo com o então ministro em que PT e PTB dividiriam recursos de empresas ligadas a Furnas. "José Dirceu e eu fizemos um acordo sobre Furnas sem o presidente (Lula) saber. Tinha coisa que o presidente não sabia, era bola nas costas", contou. Jefferson foi incluído no processo por ter dito que recebeu R$ 4 milhões do PT em 2004. Alega que não faz sentido ser acusado de corrupção se foi o denunciante. E jura que acreditava na origem lícita da verba que, segundo ele, cobriria gastos de campanha.