Com telas que resgatam imagens e lembranças de infância e das imagens que abriram as portas para a entrada no mundo da arte, a exposição “Minhas primeiras memórias”, do artista plástico Robert Espíndola, será aberta hoje, às 18h30min, no foyer do Teatro Aracy Balabanian no Centro Cultural José Octávio Guizzo. A mostra, que conta com 13 obras, faz parte do Projeto Sala de Trânsito e segue até o dia 5 de abril. Influências tão distantes quanto o barroco Caravaggio e o abstracionismo de Jackson Pollock permeiam os quadros feitos por Robert. Segundo ele, existe um retorno às imagens que ele via em bíblias antigas quando criança. “Foram as primeiras imagens artísticas com as quais tive contato. Mas pode-se dizer que sempre tive grande sensibilidade artística”, alega Robert. Durante o processo de criação das obras, recheadas de linhas e formas abstratas, o artista buscou desconstruir imagens que o influenciaram, voltando-se para a estrutura dos desenhos. Robert define os trabalhos como uma espécie de abstracionismo figurativo. “Existe uma figura, mas ela foi abstraída. O observador consegue construir essa imagem, depende apenas de esforço imaginativo”, argumenta o artista. Para a criação das obras, ele utilizou a técnica mista sobre tela, contudo, tintas acrílicas e látex foram misturadas com areia e cola branca para que fosse obtida a textura desejada. Por meio de tubos, semelhantes aos de catchup, Robert aplicou a mistura sobre telas previamente pintadas, formando linhas e contornos que dão forma às imagens. Ele deu a isso o nome de bloquismo, por se assemelhar a blocos de rochas em uma pedreira, no qual as pessoas percebem formas, que muitas vezes não foram propositais. Aos 39 anos, Robert já participou de mais de 20 exposições. Algo curioso sobre o artista é o esforço que ele faz para não se repetir. “Já fiz obras com lápis e papel texturizado, canetas com micropontas, lápis coloridos. Uma vez que utilizo um material, tento não fazer outras obras com ele”, ressalta. A carreira como artista plástico profissional iniciou-se em 1998, quando amigos perguntaram se ele não tinha interesse em expor. Formado em oficinas de pintura e esculturas ministradas no próprio Centro Cultural José Octávio Guizzo, Robert defende que seu trabalho é voltado para um público perceptivo e inteligente. “Não tenho nada contra pinturas de paisagens, mas espero que ninguém venha à exposição esperando encontrar tuiuiús ou araras”, brinca.