“Estudam-se as plantas, o solo, a fauna do Pantanal, mas os estudos sobre o homem pantaneiro, sejam antropológicos, históricos ou sociológicos, são escassos”, declarou Paulo Pitaluga Costa e Silva, secretário de Cultura de Mato Grosso, durante reunião com representantes de outras quatro entidades, inclusive Maria Verônica Sáfadi Nogueira, presidente da Fundação Barbosa Rodrigues (FBR). Estas entidades participarão do convênio para o fomento do Programa Eixo Cultural Cuiabá/MT – Corumbá/MS. Na tarde da última quinta-feira, os representantes assinaram termo de cooperação técnica, que permitirá o início das ações. O programa pretende resgatar as relações históricas e culturais que permeiam as duas cidades, ligadas por meio do eixo fluvial do Rio Paraguai, na região do Pantanal. Além da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso e da Fundação Barbosa Rodrigues, participam do convênio o Instituto do Homem Pantaneiro, de Mato Grosso do Sul, junto do Instituto do Itaicy e do Instituto de Ecossitemas e Populações Tradicionais (Ecoss), de Mato Grosso. Após conhecer o trabalho realizado pela FBR, por meio do Museu de História do Pantanal (Muhpan), em Corumbá, Paulo Pitaluga demonstrou interesse em criar a parceria. “A divisão do Estado pode ter gerado duas economias, duas forças políticas, mas não conseguiu separar a cultura, o amor e a saudade que sempre manterão unidas essas duas regiões”, apontou ele. Assim, o próprio governo de Mato Grosso propôs a criação deste convênio. Dividido em três momentos, o “Eixo Cultural Cuiabá/MT – Corumbá/MS” aposta na competência e seriedade das organizações do terceiro setor. “É algo que não se vê em Mato Grosso do Sul. O governo não entende que só tem a ganhar investindo nessas instituições”, critica Maria Verônica Sáfadi Nogueira, presidente da FBR. Projeto O início do programa será marcado pelo levantamento de cidades e regiões nas quais as confluências culturais sejam relevantes. Os prefeitos dessas cidades serão convidados a participar da segunda fase do programa. No momento final, universidades também serão chamadas, dando auxílio à pesquisa na área das ciências humanas. O programa prevê o resgate de inúmeros fatores culturais que foram deixados de lado durante anos, principalmente, do ponto de vista cultural. “O homem pantaneiro, que é um personagem da cultura brasileira, assim como o é o homem baiano ou o gaúcho, precisa ser investigado e entendido em suas especificidades. Existe aí a gênese da ligação entre o norte e o sul de nossa região”, ressaltou o secretário. Com a assinatura do termo de cooperação técnica, cada uma das organizações inicia seu trabalho. “Vamos buscar verba e traçaremos um plano de ação sobre a melhor forma de atuar nesse resgate cultural. Pode-se dizer que é um programa pioneiro para o Estado”, acredita Verônica. Segundo a presidente da fundação, a parceria é voltada para a pesquisa. Cada uma das organizações participantes deste convênio será responsável por determinados aspectos. No caso da FBR, o trabalho ficará a cargo do Museu de História do Pantanal. Visita O Secretário de Cultura de Mato Grosso esteve em Corumbá no início deste mês para conhecer o Muhpan. Historiador, Paulo admirou-se com o acervo do local. “É um museu importantíssimo para a região do Pantanal e para o Brasil, apresentando uma história que é desconhecida de muitos”, afirmou. Em sua visita, o secretário doou 80 livros para o acervo do museu. São obras sobre a história de Mato Grosso no período anterior à divisão política do Estado e sobre o Pantanal, além de publicações e documentos históricos digitalizados pelo Instituto Histórico e Geográfico do MT. Por meio desta visita iniciou-se o trabalho que culminou na assinatura do termo de cooperação técnica.