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Redes de fast-food abrem guerra de preços

Redes de fast-food abrem guerra de preços

ESTADO DE SÃO PAULO

20/04/2011 - 01h00
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Uma multidão se forma no shopping Itaquera diariamente ao meio-dia. Nesse horário, é impossível cruzar a praça de alimentação sem esbarrar na fila do McDonald"s. Entre as 20 opções de restaurantes, a rede americana é a mais popular. A recente política de preços ajuda a explicar o movimento: pela primeira vez, a cadeia colocou seu líder de vendas, o Big Mac, em promoção. Desde março, o sanduíche sai por R$ 6, uma redução de 30% em relação ao preço original.

A ação do McDonald"s faz parte de um movimento maior. Há cerca de um mês, as principais redes de fast-food vêm fazendo promoções agressivas. O Subway reduziu quase pela metade o preço do sanduíche de frango, em seu movimento mais ambicioso desde que chegou ao Brasil. O Burger King fez o mesmo com quatro sanduíches. É a maior oferta já realizada pela rede - e outra, mais ousada, ainda deve ser lançada. O Bob"s cortou à metade o preço do Big Bob, seu carro-chefe.

"É uma guerra mesmo", diz Roberta Michelim, gerente nacional do Subway. "Nas ruas, muitas vezes, encontramos as propagandas do Subway ao lado das placas do McDonald"s." A intensidade das promoções foi captada pelos índices de inflação. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a categoria "lanche" teve retração de 1,76% entre o fim de março e o início de abril na cidade de São Paulo, maior mercado do País.

Para essas redes, a prática de descontos no período pós-carnaval é usual. Mas desta vez é diferente, embora nem todas admitam: não só a agressividade é maior, como as reduções acontecem em meio à alta generalizada nos preços de matéria-prima. Os alimentos têm sido o grande vilão da inflação. Segundo a Fipe, os preços da categoria alimentos subiram 8,58% nos últimos 12 meses, enquanto a inflação geral foi de 6,06%. Só a carne bovina aumentou quase 25%. "Como os alimentos continuam em alta, a queda dos preços dos lanches só pode ser justificada por práticas comerciais dessas redes para não perder ou até ganhar mercado", diz Antonio Evaldo Comune, coordenador do IPC Fipe.

Nesse setor, ninguém mede com precisão a participação de mercado dos grandes competidores. Mas não há dúvidas de que as principais redes elegeram este momento para ganhar espaço. "Entramos com um apelo forte para a classe C. Queremos atingir um novo público, aumentar a frequência de consumo e aproveitar o movimento maior para vender outros produtos, como sorvetes", diz Marcello Farrel, diretor da marca Bob"s.

Sacrifícios

O crescimento acelerado em um momento de alta dos alimentos não vem, porém, sem sacrifícios. As vendas do Subway bateram recorde, com aumento de 60% desde março, mas as margens de lucro nos sanduíches de frango foram reduzidas pela metade. Além disso, os franqueados hesitaram em aceitar a redução abrupta de preço. "Cerca de 10% dos franqueados reclamaram no início, mas sabíamos, por pesquisas, que faltava uma campanha como essa", diz Roberta. "Agora, eles pararam de reclamar e alguns elogiam."

Para oferecer preços mais baixos, algumas redes precisaram entrar em duros processos de renegociação com fornecedores. Segundo o Estado apurou, o McDonald"s, por exemplo, ameaçou deixar de comprar parte de seu fornecimento de hambúrgueres do Marfrig no fim do ano passado como forma de pressionar por preços mais baixos. Apesar do ultimato, a cadeia de fast-food acabou não recorrendo aos concorrentes.

O Minerva, frigorífico que atende redes de fast-food, aceitou fazer um esforço. "Como temos uma parceria de longo prazo com esses clientes, não transferimos alguns aumentos da inflação", diz Fernando Galletti de Queiroz, presidente do Minerva. "Sempre tem uma parte de investimento (nesse tipo de negociação). O volume maior de vendas não compensou completamente o aumento que não repassamos"

A atual disputa entre as cadeias é mais um sinal da euforia com a expansão do consumo no Brasil. Na semana passada, a Arcos Dorados (empresa que administra a marca McDonald"s na América Latina), captou US$ 1, 25 bilhão em seu IPO em Nova York e vai investir parte desse dinheiro na abertura e reforma de lojas no Brasil. A Martin-Brower, empresa de logística que atende McDonald"s, Bob"s e alguns restaurantes do Subway, alugou dois novos armazéns, contratou 130 pessoas e aumentou sua frota em 50 caminhões. Tudo para atender ao recente aumento de vendas. "Criou-se uma oportunidade", diz Tupanangyr Gomes, presidente da Martin-Brower. "Em algumas lojas, triplicamos a frequência de reabastecimento."

Ainda é cedo para saber se os ganhos no futuro vão compensar as perdas nas margens de hoje. "A briga não leva a lugar algum. Essa não é a hora de fazer guerra de preços", diz um grande fornecedor. Mas as cadeias de fast-food enxergam vantagens de longo prazo na atual política.

No caso do Habib"s, menos de 10% da receita vêm dos sanduíches. Mas a disputa entre os concorrentes fez com que a rede aumentasse suas apostas no produto. "Não podíamos ficar de fora dessa competição", diz Alberto Saraiva, fundador da empresa. No fim do mês, o Bib"s Chicken Salad terá seu preço reduzido quase à metade.

Para o Habib"s, essa é uma oportunidade de tornar-se mais conhecido em uma categoria em que não é referência. "Como esse não é nosso principal produto, podemos suportar os descontos por muito tempo", explica Saraiva. Outros itens também entrarão em promoção. E, para que ninguém tenha dúvidas de que a intenção é entrar de fato na briga, o slogan da campanha é "pequeníssimos preços" - uma provocação ao "pequenos preços" do McDonald"s.

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

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