Economia

TRANSPORTE FLUVIAL

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Recursos do PAC não serão investidos em novos terminais

Recursos do PAC não serão investidos em novos terminais

Redação

05/07/2010 - 06h24
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Sílvio Andrade, Corumbá

Um dos principais eixos de integração e corredor da América Latina, a Hidrovia do Paraguai é um exemplo da visão rodoviarista do País ao priorizar seu sistema de transportes, que incide no custo Brasil e reflete na balança comercial. As vias interiores foram incluídas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas os recursos (R$ 734 milhões) representam 1,5% do previsto para o setor.
Do valor anunciado, a via que corta o Pantanal de Cáceres (MT) a Porto Murtinho – são 1.270 km em águas brasileiras – terá apenas R$ 126 milhões para os próximos quatro anos. Dinheiro para tornar o Rio Paraguai navegável o ano todo com dragagens, sinalização e retificação de canal, sem investimentos em novos terminais portuários, obras impedidas por ação judicial que tramita desde 2000.
O abandono do transporte fluvial, de menor custo em relação a outros modais, não afeta apenas a Hidrovia do Paraguai. O setor representa 14% da matriz de transporte no País, controlado pelo lobby rodoviário, que detém 62%. Um plano nacional de logística tem como meta elevar a participação das hidrovias para 29% em 2025. Uma mudança muito lenta para quem precisa ganhar mercado lá fora.
Via natural explorada já na década de 1.500 por desbravadores, a Hidrovia do Paraguai é combatida sistematicamente por organizações ambientalistas acusadas de favorecer interesses comerciais norte-americanos. O que justifica a campanha difundida na mídia nos anos 90 do século passado, quando se falava em desertificação do Pantanal por conta de projetos de engenharia já descartados pelo governo brasileiro.

Gargalos
Propostas de incrementar o modal fluvial ainda são vistas como um risco ambiental, o que dificulta ainda mais os investimentos públicos e privados. A hidrovia já escoou 4,6 milhões/ano de toneladas no lado brasileiro e tem capacidade para triplicar esse volume, contudo os gargalos, dentre a falta de prioridade e as amarras aduaneiras internacionais, atrasam o aproveitamento do importante corredor.
A hidrovia tem as vantagens econômicas e ambientais necessárias para movimentar boa parte dos cerca de 19 milhões de toneladas de soja que sai todos os anos de Mato Grosso para a exportação por rodovias, percorrendo até 2,5 mil km ao porto de Santos (SP). Também é estratégica para escoar a produção (grãos e minério) de Mato Grosso do Sul concentrada no centro-sul e oeste, regiões interligadas por ferrovias sucateadas.
No entanto, hoje os comboios descem o rio em direção ao Atlântico apenas com minério bruto para os mercados argentino e asiático. Não há cargas de soja em Cáceres, de onde já se transportou 300 mil toneladas/ano. O escoamento cessou com a decisão do governo da Bolívia de proibir importação do grão enquanto houver oferta interna. O terminal de Porto Murtinho carrega açúcar, mas em pequena escala.

Novo cenário
Sem operação plena e desembaraços aduaneiros, porém, o baixo frete nem sempre compensa, alega o operador Michel Chaim. “A falta de investimentos implica credibilidade da via, por parte dos operadores e do próprio mercado”, diz Antônio Paulo de Barros Leite, superintendente da Ahipar (Administração da Hidrovia do Paraguai). “Mas o governo, com o PAC, está dando resposta à sua potencialização tão reclamada”.
A expectativa é de que, em 2014, a hidrovia transporte 25 milhões de toneladas. Em 2010 não deve passar dos 4 milhões de toneladas, grande parte de minério, cuja produção é estimada em 6,5 milhões de toneladas. Em quatro anos, a Vale quer chegar aos 15 milhões de toneladas, período em que a Bolívia também estará exportando a matéria-prima de Mutum, reserva situada na fronteira com Corumbá.

DESENVOLVIMENTO

Programa Precoce MS: novo sistema de cadastramento de estabelecimentos rurais já está em vigor

Os profissionais devem completar um Curso de Capacitação e anexar o certificado

18/04/2024 10h30

Divulgação

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O Programa Precoce MS implementou um novo sistema informatizado para facilitar cadastros e recadastramentos de estabelecimentos rurais, profissionais responsáveis técnicos e classificadores, visando valorizar aqueles que contribuem para a produção de animais de qualidade superior.

Com objetivo de promover práticas agropecuárias sustentáveis e melhorar aspectos como biosseguridade, bem-estar animal e gestão sanitária, o sistema agora está disponivel no Portal e-Fazenda.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Rogério Beretta, o sistema foi modernizado para melhor desempenho. 

Novas medidas

As novas medidas exigem o recadastramento dos profissionais responsáveis técnicos e classificadores, além de estabelecimentos rurais. Os profissionais devem completar um Curso de Capacitação no Precoce/MS via Escolagov e anexar o certificado.

Os estabelecimentos rurais já cadastrados permanecerão no nível "Obrigatório" até a renovação do cadastro. Os classificadores de carcaças bovinas também precisam ser recadastrados e formalizar uma ART com a empresa contratante.

As novas regras também afetam a condição legal dos estabelecimentos para cadastro no sistema, exigindo regularidade perante várias entidades, incluindo o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).

Para estabelecimentos que praticam confinamento, é necessário apresentar documentação ambiental adequada.

O cálculo do incentivo para animais abatidos considerará o impacto tanto do processo produtivo quanto do produto obtido. A modernização inclui a implantação de protocolos de produção e avaliação através do "Protocolo Precoce em Conformidade", enfatizando a segurança alimentar, sustentabilidade e tecnologia nos sistemas produtivos.

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MATO GROSSO DO SUL

Quebra da safra de soja é estimada em R$ 4 bilhões

Levantamento aponta para 2,084 milhões de toneladas a menos no ciclo 2023/2024

18/04/2024 08h30

A colheita da soja atingiu 4,1 milhões de hectares, 96,4% da área Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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A estiagem e as chuvas esparsas ocorridas durante o desenvolvimento da lavoura de soja em Mato Grosso do Sul já impactam em uma produção menor.

A primeira estimativa de redução da produtividade já aponta para uma queda de 13,89% na safra 2023/2024 em relação ao  ciclo anterior, gerando prejuízos acima de R$ 4 bilhões.

A quebra ainda pode ser maior, considerando que a colheita ainda não foi finalizada e os dados oficiais só são divulgados após o fim colheita. 

Dados divulgados na semana passada pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), com base no levantamento do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS), apontam que o Estado sai de uma produção recorde de 15,007 milhões de toneladas na safra 2022/2023 para 12,923 milhões de toneladas de grãos no ciclo atual - redução de 2,084 milhões de toneladas. 

A projeção realizada pela reportagem do Correio do Estado é norteada nos dados disponibilizados pelo relatório do Siga-MS e consultoria técnica de agentes do setor.  

O preço médio da saca de soja com 60 kg era comercializado pelo preço médio de R$ 115,19 ontem em MS, considerando que 2,084 milhões de toneladas são 34,733 milhões de sacas de soja, o prejuízo estimado para a safra 2023/2024 é de R$ 4 bilhões.

Considerando somente a redução entre a estimativa inicial, de 13,818 milhões de toneladas, para as atuais 12,923 milhões de toneladas, o prejuízo já chega a R$ 1,7 bilhão. 

Os números divulgados no boletim Casa Rural, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul) e Aprosoja-MS,  apontam para produtividade de 50,5 sacas por hectare, valor que representa uma queda de 19,12% em relação à estimativa inicial para o ciclo.

“Em relação às nossas expectativas iniciais, notamos uma queda de 6,5% tanto na produção quanto na produtividade. A produção diminuiu de 13,818 milhões de toneladas para 12,923 milhões, resultando em uma redução de 895 mil toneladas. Da mesma forma, a produtividade caiu de 54 sacas por hectare (sc/ha) para 50,5 sc/ha, uma redução de 3,5 sc/ha”, detalha o relatório.

O presidente da Aprosoja-MS, Jorge Michelc, explicou que o cenário de queda nos indicadores da safra é resultado de um ciclo com condições climáticas adversas. 

“Desde o plantio, os produtores sul-mato-grossenses enfrentaram os desafios da falta de chuva e além do atraso do plantio, foi necessário replantar mais de 240 mil hectares, principalmente na região central do estado. Agora os resultados estão aparecendo no campo, com lavoura desuniformes e de baixa produtividade, impactando na capacidade de geração de receita das propriedades”, avaliou.

A colheita da soja safra 2023/2024 atingiu 4,111 milhões de hectares, equivalente a 96,4% da área semeada em Mato Grosso do Sul.

A região sul está com a colheita mais avançada, com média de 98,5%, seguida da região central com 95,4% e a região norte com 89,3% de média de área colhida. Frente ao mesmo período do ano anterior, a operação está com atraso de 2,2 pontos porcentual.

O boletim ainda aponta que 18,3% das lavouras de MS se encontram em más condições, 20,6% em condições regulares e 61,1% em boas condições.

Ainda conforme o Siga MS, a colheita da oleaginosa deve encerrar na última semana de abril, período em que os dados de área, produtividade e produção também serão confirmados.

PREÇOS

A saca de soja com 60 kg teve desvalorização de 35% em dois anos. Em abril de 2022, a oleaginosa era negociada a R$ 174, já nesta semana o preço pago é de R$ 115,19 no mercado físico de Mato Grosso do Sul.

No mesmo período, o custo para produzir cresceu 13,85%, saindo de R$ 5.419 por hectare plantado na safra 2021/2022 para R$ 6.170 no ciclo 2023/2024.  

Considerando a estimativa do Siga MS, de que Mato Grosso do Sul vai produzir 50 sacas por hectare neste ciclo, se essas 50 sacas forem comercializadas a R$ 115,19  serão pagos R$  5,7 mil por hectare.

Com o custo de R$ 6,1 mil por hectare na hora de implantar a cultura, o produtor rural vai acumular um prejuízo de R$ 400, em média, por cada hectare plantado.

O boletim econômico com o custo de produção da soja, divulgado pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), aponta que o produtor teve despesa total de R$ 6.170,61 por hectare.  
O valor é a soma do custeio da lavoura (que inclui sementes, fertilizantes, inoculantes, etc.), de R$ 3.497,90 por hectare; dos outros custos variáveis (seguro, mão de obra, impostos), R$ 1.707,09; das despesas financeiras (juros), R$ 349,79; da depreciação de máquinas e implementos, R$ 325; de outros custos fixos, R$ 74,83; e renda fatores, R$ 216.

“É uma ferramenta auxiliar na gestão financeira agrícola. Os custos são avaliados pela soma de todas as despesas direta e indiretas, custos variável e fixo, associadas à produção da cultura, no caso, a soja”, detalha o boletim técnico. 

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