Política

Crônica

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Recordando XXIV

Recordando XXIV

Redação

26/01/2010 - 07h02
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Nossa Campo Grande sempre foi rica em bares. É bar pra todo lado que se vá, e, tempos atrás, não era diferente. A diferença consistia apenas na qualidade da casa e, sobretudo, no atendimento. Como se sabe, os portugueses são verdadeiros mestres no setor, mas um se destacou – e olha que Campo Grande não era tão pequena assim. Refiro-me ao Vitorino, que dava o seu nome ao bar – e dizer bar é dizer pouco, porque o seu estabelecimento tinha ares de coisa mais nobre, tal era a grandeza com que era dirigido. Vitorino – batizado Vitorino Fonseca – era casado com dona Maria José Caetano, inesquecível figura de mulher lusitana e seu braço direito no negócio, e contava ainda com a ajuda de três filhos, todos igualmente solidários no trabalho coletivo de uma família nascida para isso – eram o Vitorino Filho, o Luiz e o mais novo, Maurício. O ponto alto do estabelecimento era o restaurante, com uma comida inigualável e sempre variada, à mercê da imensa capacidade criadora deles. Mas o grosso do movimento era mesmo o café, cuja frequência era imensa. Tanto, que sempre tinha café novo e, quando não era bastante novo, o Vitorino – pai ou filho – fazia um para melhor nos servir, contanto que ninguém tomasse café requentado. Servir mal fazia o desespero do bom português. Dizer que ele era risonho é pouco, tal a constante simpatia. Se alguma contrariedade de qualquer natureza o assaltasse, jamais a levaria para aquele balcão, talvez o fator que o fazia tão querido e admirado por tantos quantos por lá andassem. Engraçado é que não era ele quem festejava os fregueses, mas estes é que o festejavam, tal o grau de admiração despertado. Quando foi fechado o bar, não foi maior a tristeza porque ele abriu noutro local, ali nos altos da Avenida Calógeras, novo estabelecimento que guardava as mesmas tradições que o fizeram tão queridos. E lá funciona até hoje, habilmente dirigido pelos três filhos que herdaram, a mãos cheias, a sabedoria que só o sangue transmite. Eles lá estão dando continuidade ao trabalho iniciado pelos pais e tão bom quanto. Campo Grande não perdeu, à mercê de Deus, uma coisa que nos era tão cara. Apenas mudaram de endereço, mas o sangue Vitorino está lá, íntegro na marca indelével de seus filhos que herdaram, sobretudo, uma simpatia e uma educação muito rara de se ver hoje em dia. Dona Maria José está viva, com seus 87 anos, e guarda o vigor de boa portuguesa que é. Sua amável presença certamente é um atestado da vivência que teve com o homem de sua vida. Vitorino pois, não morreu, foi plantado e deixou seus frutos que o perpetuam.

Política

Moraes diz que Justiça está acostumada a combater 'mercantilistas estrangeiros' e 'políticos extremi

Fala ocorre em meio à união entre Bolsonaro e o bilionário Elon Musk nas críticas ao ministro

19/04/2024 19h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo/

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O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou nesta sexta-feira (19) que a Justiça Eleitoral está "acostumada a combater mercantilistas estrangeiros" e "políticos extremistas".

A fala é uma indireta a união entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), nas críticas às decisões de Moraes sobre a retirada de conteúdos das redes sociais durante a campanha eleitoral de 2022.

"A Justiça Eleitoral brasileira está acostumada a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia. A Justiça Eleitoral brasileira e o Poder Judiciário brasileiro estão acostumados a combater políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais do que defender o desenvolvimento no Brasil" afirmou o ministro na cerimônia de assinatura dos planos de trabalho para a construção do Museu da Democracia da Justiça Eleitoral, no centro do Rio de Janeiro.

Na presença do governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral "continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro e a exploração sem qualquer responsabilidade".

"Essa antiquíssima mentalidade mercantilista que une o abuso do poder econômico com o autoritarismo extremista de novos políticos volta a atacar a soberania do Brasil. Volta a atacar a Justiça Eleitoral com a união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais com políticos brasileiros extremistas", disse o magistrado.

Governo

Lula quer procurar Lira, Pacheco e outros ministros do STF para diminuir tensão entre Poderes

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los

19/04/2024 17h00

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo. Agência Brasil

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O presidente Lula (PT) pretende buscar Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que comandam a Câmara e o Senado, respectivamente, além de outros ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em um esforço para diminuir as tensões entre os Poderes.

Nesta sexta-feira (19), Lula já trata da sua articulação política em um almoço no Palácio do Planalto. Participam os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), além de líderes do governo no Congresso Nacional.

Também estão presentes os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). A reunião acontece logo após a participação da cerimônia do Dia do Exército, no quartel-general da força. O almoço teve início por volta das 12h30.

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo, formada pelos ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na casa de Gilmar. Estavam também no jantar os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Na ocasião, Lula disse que pretendia buscar outros magistrados para conversas. O próprio presidente do STF, Luís Roberto Barroso, por exemplo, ficou de fora do encontro do início da semana. Na mesma linha, o presidente quer conversar com Lira e Pacheco.

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los.

Embora não conste em sua agenda, há a possibilidade de Lula se reunir com Padilha e líderes aliados nesta sexta. Um dos objetivos do encontro seria para articular algumas dessas movimentações.

De um lado, o Senado e a Câmara têm demonstrado irritação com decisões da corte, sobretudo do ministro Alexandre de Moraes. Como consequência, ameaçam dar seguimento a projetos que miram o STF. O Senado já aprovou no ano passado uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que restringe decisões monocráticas.

Na Câmara, deputados querem abrir um grupo de trabalho para tratar das prerrogativas parlamentares, para avaliar eventuais exageros do Supremo. Também sugerem que podem abrir uma CPI para mirar o STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Atualmente, há oito delas que aguardam a formalização, entre elas uma que pretende investigar "a violação de direitos e garantias fundamentais, a prática de condutas arbitrárias sem observância do processo legal, inclusive a adoção de censura e atos de abuso de autoridade por membros do STF e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Lira indicou esta semana aos líderes que deverá instalar CPIs, mas reservadamente deputados acham difícil a ofensiva prosperar.

Em outra frente, parlamentares, incluindo Lira, estão incomodados com a articulação política do governo. O presidente da Câmara chegou a dizer que o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) é seu "desafeto pessoal" e o chamou de incompetente.

Lula reagiu dizendo que só por "teimosia" não tiraria Padilha do cargo. O presidente, porém, tem pregado um apaziguamento das tensões. O receio do presidente é que o clima acabe por afetar o andamento de projetos prioritários para o governo no Congresso, além de a tensão avançar para uma crise entre Parlamento e Supremo.
 

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