Rebeldes armados adversários de Muammar Gaddafi assumiram o controle de Zawiyah, perto da capital Trípoli, no domingo, com o líder líbio novamente prometendo continuar no poder do seu governo, que já dura 41 anos.
"O povo quer a queda do regime", gritava uma multidão de várias centenas de pessoas, usando as palavras de ordem que ecoaram em todo o mundo árabe em protesto contra governos autoritários.
"Esta é a nossa revolução", acrescentavam, levantando o punho em celebração e desafio. Alguns se posicionaram em cima de um tanque capturado, enquanto outros se aglomeraram ao redor uma arma antiaérea. As mulheres estavam no topo de edifícios saudando os homens abaixo.
"A Líbia é a terra dos livres e honrados", lia-se em uma faixa. Outra representava a cabeça de Gaddafi com o corpo de um cachorro.
Buracos de bala marcavam prédios carbonizados em Zawiyah e veículos queimados haviam sido abandonados.
A cena, a apenas 50 quilômetros a oeste de Trípoli, foi mais um indício de que o poder de Gaddafi está se enfraquecendo.
Moradores de áreas de Trípoli montaram barricadas proclamando sua oposição ao governo, depois que as forças de segurança debandaram.
A televisão sérvia disse que Gaddafi responsabilizou os estrangeiros e a Al Qaeda pela agitação e condenou o Conselho de Segurança da ONU pela imposição de sanções e pelo pedido de um inquérito de crimes de guerra.
"A Líbia está segura, não há conflitos, Trípoli está segura", disse ele. "O Conselho de Segurança não acredita que Trípoli é segura."
A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton disse que os Estados Unidos estão tentando se comunicar com grupos de oposição na Líbia.
"Estamos nos aproximando de muitos libaneses diferentes no leste do país. É cedo demais para prever resultados", disse ela antes de partir para Genebra para consultar aliados.
O Conselho de Segurança impôs, por unanimidade, a proibição de viagens e o congelamento dos bens de Gaddafi e seu círculo mais próximo no sábado. O Conselho aprovou um embargo de armas e pediu que a repressão aos manifestantes fosse investigada pelo Tribunal Criminal Internacional.
O número de mortes de quase duas semanas de violência na Líbia foi estimado por alguns diplomatas em cerca de 2 mil pessoas.
A agitação aumentou o preço do petróleo para mais de 112 dólares o barril nos EUA. Embora a Líbia produza apenas dois por cento do petróleo mundial e a Arábia Saudita tenha aumentado a produção, o mercado teme que os tumultos se intensifiquem em todo o mundo árabe.