Rastreabilidade do gado de MS será auditada em março
22 JAN 10 - 08h:13ADRIANA MOLINA
Mato Grosso do Sul será
um dos nove estados brasileiros
que passarão por auditoria
da União Européia (UE)
entre os dias 12 e 15 de março.
O objetivo é verificar frigoríficos
e propriedades da Lista
Traces – aptos a exportar carne
bovina à UE.
Sete equipes percorrerão,
além do Estado, o Mato
Grosso, Goiás, Espírito
Santo, Minas Gerais, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul. Os
técnicos da UE realizarão
um levantamento completo
da documentação das fazendas
e plantas de abate,
além, é claro, de verificar se
todas as normas do Serviço
de Rastreabilidade da Cadeia
Produtiva de Bovinos e Bubalinos
(Sisbov) estão sendo
cumpridas.
Segundo Orasil Romeu
Bandini, responsável pelo
serviço de rastreabilidade em
Mato Grosso do Sul, hoje o
Estado possui 157 propriedades
que cumprem as rigorosas
exigências de certificação
e estão na Lista Traces. “Nem
todas propriedades serão auditadas,
os técnicos europeus
escolhem algumas para avaliação,
assim como os frigoríficos”,
explica.
Caso alguma irregularidade
seja constatada, a fazenda
corre o risco de ser excluída
imediatamente da lista de exportadores
do mercado que
melhor remunera pela carne
bovina. O mesmo critério é
adotado para os abatedouros.
Bandini acredita que esta
será uma auditoria tranquila
e promissora, já que, da
última vez que técnicos da
UE estiveram no Brasil, em
fevereiro de 2009, eles se
surpreenderam com o trabalho
dos criadores. “Pela primeira
vez, fomos elogiados
pelo desempenho do Sisbov
e eles disseram que deveríamos
continuar com o modelo
implantado”, lembrou.
Sisbov
Terminou na última terçafeira
(19) a consulta pública
sobre as regras do novo Sisbov,
que traz novidades em
relação a certificação de empresas,
agentes e fornecedores
e também identificação dos
animais. Um número de 40
sugestões chegou a ser divulgado,
mas, segundo Bandini,
a informação não procede.
“Só certificadoras existem
mais de 50 que, com certeza,
enviaram suas sugestões. Ainda
há produtores, sindicatos,
federações, associações. Com
certeza esse número será bem
maior”, avalia. A UE também
ficou de enviar observações
em relação ao novo modelo.
A quantidade exata deve ser
divulgada pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) nos próximos
dias.
O pecuarista João Borges
dos Santos Junior foi um dos
primeiros a implantar o atual
modelo do Sisbov em sua
propriedade. Ocupa a primeira
posição na lista do Mapa e
a quarta na Lista Traces (de
exportadores à UE).
Sua propriedade já passou
por duas auditorias e ele avalia
o novo Sisbov como um
sistema de alto custo. Acredita
que mudar novamente
as regras pode implicar em
mais despesas. “Ficar mudando
as regras toda hora
é complicado. Se houvesse
melhor remuneração por isso
tudo bem, mas hoje não
recebemos nada a mais pela
arroba”, diz.
Segundo Junior, logo que
o serviço foi implantado, os
produtores chegaram a receber
12% a mais pela arroba no
frigorífico. Hoje o valor é o
mesmo pago a um não rastreado
e os custos de produção de um animal certificado são
bem maiores. “Precisamos de
um acréscimo de, pelo menos,
5% a 10% pra compensar
a despesa com o Sisbov”,
explica.
O criador já pensa em parar
com o sistema. Ele, que já
realizava quase todos os controles
exigidos por conta do
tipo de gestão implantado em
sua propriedade, acredita que
não faz sentido ter um alto
custo por algo burocrático
que não acrescenta nada ao
preço do gado.