A dívida de R$ 36 milhões que constará da próxima prestação de contas do PT à Justiça Eleitoral não impediu o partido de gastar R$ 6,5 milhões em um único evento. Essa é a conta estimada pela legenda para realizar seu 4º Congresso, que reunirá cerca de 1.500 delegados em Brasília, entre quinta-feira e sábado (18 e 20). A gastança tem uma explicação relativamente simples, segundo o comando partidário. O evento servirá de palco para o lançamento oficial da pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Em um ano qualquer, a soma seria bem menor. Em 2007, por exemplo, data do último congresso petista, foram aplicados menos de R$ 3 milhões para reunir em São Paulo algo em torno de 1.100 delegados. Em tese, o congresso do PT é convocado periodicamente para debater temas polêmicos, sacramentar decisões da direção partidária e rever o estatuto que guia a atividade da legenda. Delegados escolhidos pelos filiados em todo o País se revezam nos diferentes plenários e votam propostas pré-elaboradas. Esse processo define a base da política partidária a ser executada nos anos seguintes, seja do ponto de vista eleitoral ou do dia-a-dia administrativo da sigla. Desta vez, porém, o evento está longe de ser só trabalho. Nos últimos dias, o PT corria contra o relógio para tentar fechar algum contrato com um grande artista para animar os presentes – se considerados todos os participantes, entre delegados, dirigentes, parlamentares, membros do governo, o público poderá se aproximar de 3 mil pessoas. Na noite de sexta-feira passada, a sigla conseguiu arrematar contrato com o cantor Jorge Ben Jor. Para shows em geral, estavam reservados no orçamento R$ 500 mil. Mas membros da direção partidária acharam melhor manter o suspense sobre os valores pagos a Ben Jor. Somente com passagens aéreas, o PT programou gasto de R$ 2 milhões. Para hospedar os delegados, a fatura ficará em R$ 850 mil. A isso se somam despesas como o aluguel do centro de exposições, por R$ 470 mil; a alimentação dos participantes, que ficará em R$ 300 mil; gastos com som e decoração do espaço, de R$ 350 mil; sem contar despesas com gráfica e papelaria, da ordem de R$ 300 mil. “O partido decidiu que este seria um evento grandioso”, explicou o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, sem demonstrar constrangimento com o tamanho da conta. O evento, reconhece o dirigente, será provavelmente o maior já realizado na história do partido. Mas, segundo ele, nada disso abala a “saúde financeira” da legenda, já que todas as dívidas atuais estão renegociadas, para caber na capacidade de pagamento do partido.