O comando do PSDB quer se reunir com o prefeito Nelsinho Trad (PMDB) para tentar convencê-lo a trocar o palanque da ministra Dilma Rousseff (PT) pelo do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na sucessão presidencial. Os tucanos entendem ser necessário o prefeito refletir melhor antes de virar as costas para o partido, que há quase 20 anos é fiel ao PMDB. O encontro ainda não tem data marcada, mas os deputados do PSDB já sabem exatamente o que vão falar para tentar mudar a posição de Nelsinho. Eles consideram ilusão do prefeito se “encantar” com a proposta do Planalto de aumentar investimentos federais em Campo Grande para atraí-lo ao palanque de Dilma. O prefeito tem posição diferente dos tucanos. Ele justificou o seu engajamento na campanha de Dilma por questão de gratidão. O prefeito avalia, portanto, não ter como ficar contra a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), justamente pelos altos investimentos do governo federal em Campo Grande. “Respeito a posição do prefeito, mas o presidente não fez nenhum favor ao destinar recursos para a Capital. Isso não é nada mais do que sua obrigação”, comentou o presidente regional do PSDB, deputado Reinaldo Azambuja. Mas se os investimentos foram cruciais para a decisão de Nelsinho de apoiar Dilma, o dirigente tucano assegura atenção especial a Campo Grande se o PSDB vencer a eleição presidencial. “A nossa parceria dura quase 20 anos, isso significa a certeza de fidelidade e de segurança, ao contrário do PT, que representa o antagonismo ao PMDB”, ressaltou. Ainda destacando a parceria de anos com os peemedebistas, os tucanos cobraram mais fidelidade do prefeito na sucessão presidencial. “Ajudamos a eleger e reeleger o Nelsinho, por isso, acreditamos que ele vai ficar do nosso lado”, frisou o deputado Professor Rinaldo (PSDB). “Em consideração a nossa parceria que dura anos, vamos pedir no mínimo mais reflexão por parte do prefeito”, acrescentou Azambuja. Out ro a rgumento dos tucanos para atrair o apoio de Nelsinho leva em conta a sua declaração de colocar em primeiro lugar a reeleição de Puccinelli para governador. “Como ele diz que a prioridade é o André e existe a possibilidade do governador apoiar o Serra, não tem como ajudar ficando em outro palanque”, opinou Azambuja. Peça importante O empen ho em trazer Nelsinho para o palanque do PSDB leva em consideração a sua popularidade em Campo Grande, que reúne um terço dos eleitores do Estado. “Como prefeito da Capital, o Nelsinho é peça importante na eleição”, reconheceu Azambuja. “Sem contar que queremos o PMDB como um todo no palanque do Serra”, completou. “Por isso, vamos esgotar todos os nossos esforços para atrair o partido”, finalizou. A questão é que o governador de São Paulo ainda não oficializou sua pré-candidatura a presidente da República, enquanto o PT já declarou Dilma como pré-candidata. Diante da incerteza de Serra concorrer à eleição, o PMDB de Mato Grosso do Sul mantém posição de indefinição na sucessão presidencial até o início de abril. Mas os tucanos do Estado têm certeza da participação de Serra na disputa para presidente e preveem o anúncio de sua pré-candidatura para dois de abril, quando se encerra o prazo para os políticos desincompatibilizarem- se do cargo a fim de disputar a eleição.