Guilherme Soares Dias
O minério de ferro de Corumbá pode render a Mato Grosso do Sul o maior projeto privado em uma ferrovia na história do País. A América Latina Logística (ALL), concessionária da estrada de ferro que liga a cidade pantaneira a Bauru (SP) estuda projetos para transportar o minério até um porto, de onde possa ser exportado.
Para concretizar o projeto, a empresa teria que dispor de, pelo menos, R$ 1 bilhão para a reforma da antiga Noroeste do Brasil ou até R$ 5,9 bilhões para construir uma nova ferrovia, paralela à atual, de acordo com estimativas de especialistas. A operação depende ainda da viabilização da exportação do minério por um terminal portuário. Entre as opções estudadas, estão o porto de Sepetiba (RJ), onde já há terminais para embarque do produto, ou ainda o porto de Santos (SP), onde não há exportação de minério e precisaria ser construídos terminais e toda a logística para possibilitar a atividade.
Para a ALL o projeto é considerado estratégico, já que vai possibilitar a geração de receita homogênea pela empresa ao longo do ano. Estruturalmente, o estudo da obra demonstra a retomada do setor, que foi jogado ao ostracismo na década de 90. A Noroeste é representativa nesse processo, já que foi uma das primeiras vias férreas concedidas à iniciativa privada no Brasil, em 1996. Concedida para a Novoeste, a ferrovia não recebeu investimentos e foi sucateada ao longo dos anos até a ALL assumir o controle, em 2006.
O diretor superintendente da ALL, Paulo Luiz Araújo Basílio, afirmou na semana passada, durante teleconferência com investidores, que devem ser transportados de 15 milhões a 25 milhões de toneladas de minério de ferro na operação. “Nosso projeto para a Novoeste é muito grande”, afirmou. Esse volume corresponde à metade do que é transportado pela companhia atualmente, que chega a 50 milhões por ano.
Ele lembrou que o negócio ainda depende de acordos com as empresas que extraem o minério e adiantou que uma das possibilidades é a exportação pelo Porto de Sepetiba. “Lá há terminais da CSN”, lembrou. Para que essa atividade se concretize, a empresa precisaria utilizar as linhas da MRS, que levam até Sepetiba.
Apesar de lembrar que o projeto é para o médio prazo, já que os investimentos atuais da ALL vão até 2012, Basílio ressaltou que todas as operações que agregam valor para a empresa são consideradas. “Essa operação é positiva, já que traz visibilidade maior para os negócios da ALL e possibilita que outras empresas do mesmo setor possam usar a nossa malha”, afirmou.