A pressão do governador André Puccinelli (PMDB) para afastar José Orcírio dos Santos (PT) da disputa eleitoral perdeu força com a falta de respaldo do Planalto. Mesmo assim, o comando nacional do PMDB pretende – depois da convenção de 6 de fevereiro, que deve eleger o deputado federal Michel Temer (SP) à presidência – retomar as negociações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acabar com as brigas regionais. Como é o caso de Mato Grosso do Sul. Antes de buscar a solução dos conflitos dos dois partidos nos estados, o PMDB vai impor ao Planalto o nome de Temer como vice na chapa presidencial encabeçada pelo PT. Depois vem o acerto dos palanques nos estados em que o PT e o PMDB não conseguem se entender. O ex-governador José Orcírio dos Santos é o grande obstáculo ao entendimento em Mato Grosso do Sul. Ele manifestou disposição de não sair da disputa. Só o PT, segundo o ex-governador, pode impedi-lo de concorrer ao Governo do Estado. Mas o partido já fechou questão em favor de sua candidatura com aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é o patrocinador da aliança nacional do PT com o PMDB para ajudar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a vencer a corrida presidencial. A ideia, segundo os articuladores nacionais do PMDB, é intensificar os diálogos até conseguir que um dos pré-candidatos aceite não somente desistir da disputa eleitoral como apoiar o postulante do outro partido, como ocorreu no Rio de Janeiro. Lá, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), retirou a sua candidatura para apoiar a reeleição do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). Mas este exemplo do Rio não deve ser seguido em Mato Grosso do Sul. José Orcírio declarou, em várias ocasiões, a sua disposição de enfrentar André Puccinelli. E não se importa com as ameaças do governador de culpá-lo pelo fracasso das negociações do PMDB com o PT no Estado. “Aqui não há clima para acordo nenhum”, comentou, neste fim de semana, o deputado federal Vander Loubet (PT). Para complicar ainda mais a situação do governador André Puccinelli, o presidente Lula, segundo Dilma Rousseff, não vai pedir para José Orcírio se retirar da disputa eleitoral. André perdeu a simpatia do Planalto quando passou a atacar o PT em Mato Grosso do Sul e defender apoio do PMDB à candidatura de José Serra (governador de São Paulo) na disputa presidencial. Mas ele se recusa a sentar com os tucanos para definir aliança e conversar sobre a montagem do palanque de Serra no Estado. O Planalto, comentou Vander, considera que André faz “chantagem” ao dizer que pode ficar com os tucanos para forçar a retirada da candidatura de José Orcírio. “Ele usa o PSDB para pressionar o Planalto”, ressaltou. E como André não tem outra saída, o PT de Mato Grosso do Sul acredita que ele vai acabar apoiando Serra na sucessão presidencial. Isto se o tucano não desistir da disputa eleitoral em consequência do crescimento de Dilma nas pesquisas de opinião pública. “Seria um golpe no projeto de reeleição de André, porque ficaria sem palanque presidencial no Estado”, avaliou o deputado petista. (AT)