Guilherme Soares Dias
O presidente da América Latina Logística (ALL), Bernardo Hess, descartou a construção de uma nova ferrovia entre Corumbá e Bauru – onde seria necessário o investimento de R$ 5,9 bilhões, mas confirmou ontem, em São Paulo, que o projeto para transportar minério de ferro de Corumbá para um porto do Oceano Atlântico é prioridade da companhia.
Hess lembrou que são estudados os portos de Santos (SP) e de Sepetiba (RJ), mas afirma que o segundo, apesar da distância, parece “mais razoável” para comportar o projeto.
O empresário defendeu ainda que, para execução do projeto, seria necessária a revitalização da atual estrada de ferro administrada pela companhia, ligando Corumbá a Bauru (SP), com 1,3 mil quilômetros de extensão. “Faremos uma grande reforma, mas isso ainda está em estudo. Não posso adiantar datas, nem valores”, desconversou, descartando a necessidade de construção de uma nova ferrovia.
Segundo ele, a ferrovia que corta Mato Grosso do Sul recebe investimentos desde que a empresa assumiu a concessão em 2006 e lembra que as melhorias fizeram com que o volume de cargas transportado aumentasse. “Há quatro anos, 600 mil toneladas de cargas eram transportados pela antiga Noroeste do Brasil. Em 2010, serão 3 milhões de toneladas”, ressalta.
Projeto
A reforma da estrada de ferro para o transporte do minério extraído em Corumbá pode chegar a R$ 1 bilhão, configurando o maior investimento privado em uma ferrovia na história do País. Atualmente, o porto de Sepetiba (RJ) já abriga terminais para embarque de minério de ferro, ao contrário do porto de Santos (SP), onde não há essa operação. Dessa forma, seria mais viável a ALL fazer o transporte até Sepetiba, sublocando ramais operados pela MRS, do que construir terminais em Santos.
A previsão da empresa é que sejam transportados de 15 milhões a 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano na nova operação, metade de tudo que é transportado pela ALL atualmente, que chega a 50 milhões por ano.
Com isso, o projeto é considerado estratégico para a empresa, já que vai possibilitar ainda a geração de receita homogênea ao longo do ano. Hoje, 75% dos produtos que a empresa transporta são commodities agrícolas, vulneráveis à sazonalidade das safras, e apenas 25% são de produtos e commodities industriais. “Antes da aquisição da Brasil Ferrovias, cada um desses setores representava 50%. Daqui cinco a 10 anos queremos voltar a ter esse balanceamento”, almeja Bernardo Hess.