A Prefeitura de Dourados realizará na próxima semana o pregão para a contratação da empresa que construirá a primeira etapa do frigorífico e entreposto de pescado, pertencente à MS Peixe – Cooperativa de Aquicultores, que ficará localizada numa área no entroncamento das BR-376 e 163. O recurso de R$ 997 mil do Ministério da Aquicultura e Pesca (MAP) está liberado desde março do ano passado e foi repassado ao município porque a cooperativa não pode, por lei, recebê-la diretamente na sua conta. A falta da licença ambiental atrasou o processo de implantação do frigorífico. O secretário de Agricultura, Indústria e Comércio, Mauricio Peralta disse ontem ao Correio do Estado que as propostas de empreiteiras serão abertas no dia 25 “e as obras serão iniciadas imediatamente, assim que a vencedora da licitação for homologada”. A MS Peixe vinha desde 2007 fazendo articulações para o fechamento deste convênio, finalmente assinado há 11 meses e que, agora, será executado. A sede da nova agroindústria ficará em uma área de 4,2 hectares, no trevo da BR-376, de acesso a Fátima do Sul. O setor industrial terá área construída de 960 metros quadrados. Segundo Peralta, a outra etapa necessitará de mais R$ 2 milhões para a montagem da linha de produção, com a compra dos equipamentos industriais. Essa verba também será liberada pelo Ministério. O secretário explicou que a realização no ano passado do evento sobre a piscicultura regional dentro do programa federal Território da Cidadania da Grande Dourados impressionou e o município foi um dos quatro escolhidos no País para receber apoio financeiro mais depressa, por causa da sua grande cadeia produtiva de peixes. “Conseguimos encaixar essa segunda etapa do frigorífico de Dourados dentro do programa. Por isso, estamos otimistas quanto à conclusão desta indústria que será o diferencial para a piscicultura na região”, frisou Peralta. Segundo ele a cadeia da produção, industrialização e comércio será fechada na própria região. Hoje os associados da MS Peixe produzem 1.200 toneladas de peixes nativos e exóticos por ano, que abastecem os pesqueiros e o frigorífico da Mar & Terra, em Itaporã, que exporta pescado em filé. O frigorífico da cooperativa terá capacidade inicial de abater 2.500 quilos de peixe por dia, mas foi projetado para cinco toneladas por dia. O produto terá inspeção do Ministério da Agricultura e receberá o Serviço de Inspeção Federal (SIF), podendo, assim, vender, com marca própria, para todo o País e exportar. A cooperativa receberá o produto de associados e piscicultores independentes, fazendo o abate, evisceração e empacotamento. Existem registros de criação de 32 espécies nas pisciculturas estaduais, das nativas do Pantanal a de outras bacias hidrográficas e exóticas como a tilápia e cat fish. Produção Em Mato Grosso do Sul existem 819 empreendimentos envolvendo a piscicultura. Dourados aparece como um dos três maiores produtores de peixe, com mais de 100 piscicultores de diferentes tamanhos. Em nível estadual estima-se que sejam produzidas 10 mil toneladas de peixe/ano. Predominam no Estado, piscicultores de pequeno porte, com área inundada inferior a um hectare, segundo a pesquisadora Emiko Kawakami de Resende, da Embrapa Pantanal, em Corumbá, que apresentou em 2009 um estudo sobre essa cadeia produtiva. Existem de 3% a 4% de empreendimentos, com áreas inundadas superiores a 10 hectares e apenas seis projetos com lâminas d’água superior a 50 hectares, nas regiões sul e sudeste.