Os preços dos fertilizantes ficaram até 55,5% mais caros em Mato Grosso do Sul desde novembro, quando as matérias- primas usadas na adubação começaram a registrar alta em todo o Brasil. Na época, a tonelada do fosfato, um dos principais itens aplicados na agricultura, custava R$ 794,33 e, em fevereiro deste ano, o valor chegou a R$ 1.235,00, conforme pesquisa feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). O levantamento revela ainda, que o valor é próximo ao praticado em fevereiro de 2008 – época em que os preços dispararam em todo o mundo por conta da crise no mercado internacional e expectativa, inclusive, de escassez dos fertilizantes. Naquele mês o fosfato no Estado custava R$ 1.666,67 a tonelada. Hoje, Mato Grosso do Sul lidera o ranking nacional de cotações do adubo entre os principais produtores de soja do País, seguido de Mato Grosso (R$ 1.212,40), Paraná (R$ 1.187,92) e Goiás (R$ 1.100,00). Outros produtos também importantes na adubação que tiveram preços elevados no Estado foram o sulfato de amônia, que subiu 29,5%, alcançando R$ 668,75 a tonelada, e o potássio, que sofreu acréscimo de cerca de 10%, chegando a R$ 1.017,00 a tonelada em fevereiro deste ano, se comparado a novembro – início das altas. De acordo com o pesquisador do Cepea/Esalq, Mauro Osaki, a inflação registrada nos últimos três meses neste tipo de produto é reflexo do aumento do consumo mundial. “Houve uma demanda maior da China e Índia e a produção nos principais fornecedores não cresceu”, explica. Tal fator, segundo o assessor agrícola da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Lucas Galvan, pode inviabilizar a safra 2010/2011, que deve começar em setembro no Estado. “Com o preço da saca da soja cada vez menor, qualquer alta nos fertilizantes é prejudicial para a próxima safra”, afirma. Se o produtor calcular hoje os custos da adubação para o plantio no segundo semestre vai se deparar com uma realidade assustadora e pode até pensar duas vezes antes de investir na correção e manutenção do solo. Isso porque, atualmente, para comprar uma tonelada de fosfato, por exemplo, são necessárias quase 42 sacas de soja, se forem usados como valores de referência os preços praticados no município de Dourados − um dos maiores produtores do Estado. Lá a saca do grão estava cotada ontem a R$ 29,50. O montante é 122% maior que o necessário em novembro, antes da alta nacional. Na época, para adquirir uma tonelada de fosfato o produtor precisava de apenas 18 sacas de soja. E por conta disso, o País corre o risco de registrar, pela segunda vez, redução recorde no consumo de fertilizantes. Em 2009, o reflexo da crise de 2008 fez com que os produtores retraíssem em 47,5% o uso de adubos nas lavouras. Consequentemente as importações, principalmente do Marrocos − maior fornecedor brasileiro, caíram 28,8% e a produção nacional 5,7%, segundo dados da Associação Nacional para difusão de adubos (Anda).