Carlos Henrique Braga
Movida por generosos incentivos fiscais, a indústria de confecções descobriu Mato Grosso do Sul como polo fabril. A Prefeitura de Campo Grande aprovou instalação de mais oito empresas nacionais no polo empresarial Nelson Benedito Netto, na saída para Terenos). Entre elas está a ampliação da TDB Têxtil, que produzirá tecidos, item inédito nas linhas de fabricação do Estado. Juntas, elas investirão R$ 60 milhões, com fôlego para empregar 2,2 mil.
Novidade por aqui, o setor se esforça para qualificar trabalhadores, principalmente para a porta de entrada das fábricas, a costura industrial. Nos próximos 15 meses, tempo de instalação das novas fábricas, 2 mil serão qualificados, e deverão juntar-se aos mais de 5 mil funcionários do segmento em MS. O salário inicial é de R$ 550. “O mercado está aquecido, as classes C e D estão comprando mais”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário (Sindivest), José Francisco Veloso.
Segundo ele, as empresas vão produzir para outros mercados, já que o interno, de pouco mais de 2 milhões de pessoas, é pequeno. Para recrutar a mão de obra, o setor aposta em divulgação da “excelente oportunidade de trabalhar na indústria” entre mulheres de 18 a 35 anos. “A cultura industrial é muito nova no Estado. As mulheres jovens optam por trabalhar no setor de serviço e comércio”, analisa.
Vagas para qualificados
Gerente de fábrica de roupas da Capital afirma que, desde a instalação da empresa na cidade, vagas são abertas todos os dias. O principal problema é encontrar gente qualificada. “Não há cultura de trabalho na indústria. Parece que eles não precisam do trabalho. Toda vez que vão ao médico voltam com atestado, mesmo que não tenham nada”, reclama.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento da Capital, que analisa as propostas de instalação e doação de terrenos, algumas empresas já capacitam trabalhadores em prédios alugados, como Cativa, Valdac e Cabriolli. Principal qualificador, o Serviço Nacional da Indústria (Senai) treinou 600 pessoas neste ano em Campo Grande e outros 130 estão em treinamento em Dourados. Os cursos de costura industrial são gratuitos. Nas duas cidades, cerca de 10% dos alunos são homens. “Há uma tendência de que o homem descubra a confecção, quebrando um tabu”, diz Gilberto Schaedler, do Senai de Dourados, onde a prefeitura recentemente idealizou um polo de vestuário.
“A necessidade de mão de obra ocorre em todos os níveis, como os de modelagem e corte”, afirma Artur Quintela, do Senai na Capital.
Imposto zero
As fábricas que chegarem até o fim do ano ao Estado vão aproveitar isenção total de Imposto sobre Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), autorizada pelo governo estadual no ano passado, sob pressão de empresários do setor e cidades interessadas nos postos de trabalho. A partir do próximo ano, a alíquota subirá gradativamente: 0,6%, em 2011, e 1,2%, a partir de 2015.
A Secretaria de Desenvolvimento, por meio de conselho, disse sim às propostas de instação das empresas Cativa, Valdac, Tex Barreds, Cabriolli e IMB Têxtil; e ampliação da TDB Têxtil. Outra projeto, da importadora e exportadora de fios Guedes, está em análise.