O traba l ho da Pol ícia Federal (PF), de combate ao contrabando de cigarros, já resultou no aumento de apreensões da mercadoria neste ano, em Campo Grande. Somente em dois dias, os federais prenderam 11 pessoas e apreenderam diversos pacotes de cigarros. O chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da PF, delegado José Otacílio Bella Pace Alves, diz que somente nos primeiros três meses deste ano, já foram tirados de circulação na Capital cerca de 2,5 mil pacotes de cigarros produzidos no Paraguai, número maior do que em 2009, de acordo com ele. Quarta e quinta-feiras, a PF fechou dois depósitos do produto contrabandeado. O primeiro funcionava em uma residência no Jardim Montevidéu. No local, além de cigarros, foram apreendidos um veículo Gol, uma Belina, R$ 6 mil em espécie e várias folhas de cheque. N a q u i n t a - f e i r a , e m uma casa do Ba irro Aero Rancho, os policiais recol heram uma Kombi, uma Parati, um Corsa, uma motocicleta, R$ 42 mil e mais de dois mil pacotes de cigarros. Cinco pessoas foram presas. O delegado explica que os produtos recolhidos abasteceriam pequenos comércios da Capital. Segundo ele, os contrabandistas preferem manter depósitos da mercadoria e levá-la em pequenas quantidades para o comércio, e assim evitar grande prejuízo em caso de apreensão. O que os responsáveis não esperavam é que o trabalho de investigação levaria até os locais onde os produtos eram guardados. De acordo com José Otacílio, a maioria dos presos faz da venda de produto contrabandeado o meio de vida. “Alguns já são até reincidentes”, diz. Além da PF, outras duas forças policiais fazem constantes apreensões de cigarros no Estado: o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). DOF Dados do grupo da Polícia Militar, que atua nas regiões de fronteira do Estado, mostram que de 1º de janeiro a 22 de março deste ano, 76.500 pacotes de cigarros, que seriam comercializados, foram tirados de circulação. No mesmo período de 2009, foram 11.757. PRF Segundo a PRF, que atua nas rodovias federais que cortam Mato Grosso do Sul, do primeiro dia deste ano a 23 de março, foram apreendidos 77.989 pacotes de cigarros, contra 33.048 em 2009. Para a PRF, houve aumento na quantidade de apreensões devido à combinação de várias situações: maior fiscalização, aumento no número de fábricas em território paraguaio próximo a Mato Grosso do Sul, a intensificação de barreiras na região de Foz do Iguaçu, Paraná, e o preço do produto nacional. Punição De acordo com o delegado José Otacílio, a pessoa que é flagrada com contrabando é autuada em flagrante e permanece presa até decisão judicial. Há casos em que o juiz federal determina pagamento de fiança. Para isso, são observados alguns fatores, como primariedade, residência fixa, entre outos. A pena para o crime é de um a três anos de reclusão. Destruição Todo contrabando apreendido segue para uma unidade da Receita Federal. De acordo com o delegado da Receita Federal em Campo Grande, Edson Ishikawa, roupas apreendidas, por exemplo, podem ser doadas para alguma instituição. Já cigarros e óculos são destruídos. Não é necessário atingir determinada quantidade para a destruição. No caso do cigarro, ele é triturado por empresas terceirizadas, que aproveitam o material para produção de adubo. Segundo Edson Ishikawa, em janeiro e fevereiro deste ano as apreensões de contrabando somaram R$ 11,6 milhões. Nos 12 meses do ano passado, o total foi de R$ 61,6 milhões.