Cícero Faria, Dourados
As áreas de aveia branca e preta deverão crescer nesta safra de inverno na região de Dourados, entrando no espaço não ocupado pelo milho safrinha. Umas das boas alternativas para esse período para cobertura do solo e de renda, a cultura tem ciclos de plantio bastante variados, para mais ou menos, dependendo do ano.
O presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos da Grande Dourados (Aeagran), Bruno Andrade Tomasini, disse ontem ao Correio do Estado que a tendência é de bom crescimento da aveia preta, usada para fazer feno e tirar semente para o próximo ano e ainda a branca aplicada na indústria alimentícia humana.
“Em 2009, muitos produtores até pretendiam fazer o plantio, mas o preço das sementes estava muito alto. Mas este ano, com a redução da área de milho, os agricultores vão investir no trigo, aveia e na braquiária solteira – esta preparando o solo para a soja”, explicou Tomasini.
Em safras passadas, a aveia preta ocupou grandes extensões no município de Dourados, onde a área passou de 2.000 hectares. Porém, como cresceu o interesse do produtor pelo milho 2ª safra, ela foi cultivada em menor escala. O IBGE ainda não fez a sua primeira previsão da safra de inverno. Em todos os municípios agrícolas, a aveia tem seu espaço.
O principal destino da aveia na Grande Dourados é para a produção de feno. A colheita é feita em plena entressafra e comercializada em rolos para criadores de gado, principalmente leiteiro, suprindo as deficiências de pasto na época da seca. É uma boa renda extra que os produtores de grãos conseguem, antes do plantio da soja.
A aveia preta é uma gramínea de inverno sendo mais indicada para corte, porque possui alta capacidade de perfilhamento e com crescimento rápido, citou o agrônomo. É grande produtora da massa verde, rica em proteína e bastante apreciada pelos animais como forrageira.
Cultivares
Pesquisadores que trabalham com aveia nos quatro Estados produtores – Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, anunciaram na semana passada, em São Carlos (SP), o lançamento, ainda este ano, de sete novas cultivares, mais produtivas do que aquelas atualmente disponíveis e mais resistentes a doenças.
A novidade foi comunicada ao final da XXX Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia, que ocorreu durante três dias na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, com a participação de pesquisadores, técnicos e estudantes de instituições de pesquisa dos quatro Estados.
A produtividade média se situa entre 3.000 e 4.300 quilos por hectare, com índices de 5% a 21% acima das cultivares atualmente plantadas. Todas foram testadas em quase 30 municípios do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, as regiões produtoras de aveia no país. O Paraná e o Rio Grande do Sul são responsáveis por 90% da produção brasileira de aveia em grãos (para alimentação humana), estimada em torno de 230 mil toneladas.
As novas cultivares são de aveia destinada à alimentação humana, para produção de grãos e posterior transformação em flocos, farinha e granolas matinais. Neste ano não haverá novos lançamentos de aveias forrageiras, dirigidas à alimentação animal, principalmente de bovinos.