Enquanto a nova lei de pesca, em discussão na Assembléia Legislativa, incentiva a captura predatória com rede e anzol de galho, o projeto de piscicultura da Embrapa Pantanal em um “braço” do Rio Paraguai é uma nova opção econômica para o pescador profissional, hoje explorado pelo atravessador, e contribui para a reestruturação da cadeia produtiva. A proposta visa a disponibilizar tecnologias para produtores e ribeirinhos de uma região com potencial de água pouco explorado, enquanto a demanda por alimentos naturais torna- se cada vez mais inviável em um mundo castigado por catástrofes e desastres ambientais. O projeto apontará, em 2011, condições de manejo, produtividade e sustentabilidade. “Em termos econômicos, o peixe em cativeiro, nestas condições, é muito mais vantajoso do que o boi no Pantanal”, aponta o pesquisador Flávio Lima Nascimento, 55, carioca radicado há 22 anos em Corumbá. “Você não mobiliza capital na terra, será dada a concessão de uma área para os tanques e vai trabalhar também com uma carne nobre”, acrescenta. No experimento instalado no Bracinho, o pesquisador trabalha com doze tanques-rede de quatro metros cúbicos cada um. Neles, estuda a densidade de estocagem sustentável com 60, 90 e 120 peixes por metro cúbico, alimentados por ração (farinha de peixe e farelo de soja). As gaiolas são estruturas simples depositadas no centro do curso de água. Piranhas atacam Desde o período de cultivo, iniciado em junho de 2009, Nascimento descobriu que as perdas ocorreram principalmente por ação de piranhas, exigindo redimensionamento das telas para proteger os ataques aos alevinos nos primeiros meses. Ele estuda também os impactos e as influências das mudanças ambientais no crescimento dos alevinos. A pesquisa fez a opção pela cachara porque a espécie faz parte de um projeto nacional, o AquaBrasil, de melhoramento genético, que inclui o tambaqui (Norte) e tilápia e camarão (Sul e Sudeste). A Embrapa Pantanal deverá desenvolver, numa segunda etapa, pesquisas em cativeiro com espécies economicamente mais baratas, como pacu e jurupensém. (SA)