Italiano, nascido em Oderzzo há 83 anos, Fausto Furlan sempre esteve muito conectado à arte. Seu pai era músico e também pintava. “Fui nutrindo a paixão pela pintura, pela fotografia e pela música, pois nossa casa sempre recebia amigos do meu pai e todos passavam horas pintando, tocando ou escutando grandes compositores clássicos”, lembra Furlan. Neste meio nasceu outra paixão, que também tornou-se sua principal referência enquanto artista, o Renascimento, de Leonardo Da Vinci e Michelangelo.
O estilo realista e acadêmico, influenciado pelos grandes mestres da pintura italiana, levaram Furlan a vender retratos artísticos, que ele nomeava de fotografias neoclássicas. “Eu fazia fotos em preto e branco e depois as coloria, com pinceladas fortes, o que dava um ar bastante interessante ao retrato”, explica o artista. Segundo ele, na década de 1960, em nove meses, conseguiu produzir 1,2 mil retratos.
Ao observar uma obra de Furlan, facilmente se percebe que, além do renascimento, o impressionismo tem grande influência sobre seu estilo, com pinceladas pesadas e carregadas de tinta. Entretanto, o artista se mantém conservador e torce o nariz para os “absurdos” da arte contemporânea que, segundo ele, em muitas obras, “é como a roupa nova do rei, do conto do dinamarquês Hans Christian Andersen, no qual apenas uma criança inocente percebe que o rei, na verdade, está nu”, critica.
Mas Furlan não esquece os avanços pelos quais a arte de Mato Grosso do Sul passou desde que ele veio morar na Capital, no início dos anos 60. “Há vários artistas importantes no Estado, dos estilos mais diversos. O público também evoluiu muito, hoje as pessoas conhecem arte e sabem escolher. Quando cheguei aqui, tudo era muito cru, mas havia potencial”, relembra.
Para o artista, participar das comemorações do aniversário da Capital é como receber o maior dos elogios. “Essa terra me acolheu e fiz dela meu lar. Hoje sou chamado para fazer parte de uma homenagem a ela; isso me deixa muito feliz”, comenta Furlan. Ele conta que há trabalhos seus em mais de 21 países. “Na época que comecei a pintar, aos 21 anos, vendia meus quadros na Itália e, como muitos dos compradores eram de outras regiões da Europa, meu trabalho se espalhou pelo continente”.
Com a exposição que será aberta hoje na Art Galeria Mara Dolzan, o público da Capital terá a oportunidade de conhecer um pouco mais do trabalho deste artista que atua na Capital há mais de cinco décadas.
SERVIÇO – “Retratos de Campo Grande. Ontem e hoje” fica até 15 de agosto na Art Galeria Mara Dolzan, localizada na Rua Teldo Kasper, 180. Informações: 3314-9609.