Pesquisadores de seis países visitaram na manhã desta sexta-feira (09), a região da Cacimba da Saúde, em Corumbá, para conhecer os fósseis do pequeno animal invertebrado chamado Corumbella weneri, que foi descoberto em 1980 pelo pesquisador alemão Detlef Walde. A área, localizada às margens do rio Paraguai, concentra um importante sítio paleontológico que integra o Geoparque Estadual Bodoquena-Pantanal, criado em 2009.
O grupo com pesquisadores dos Estados Unidos; Alemanha; Austrália; China; África do Sul e Brasil, participa do "Corumbá Meeting 2013". O evento, iniciado em 04 de agosto, reúne 43 profissionais da área no debate sobre a era Neoproterozóica nessa região brasileira do rio Paraguai.
Descobridor da Corumbella, o pesquisador alemão Detlef Walde, que hoje é diretor do Instituto de Geociências da UNB, explicou a este Diário a importância dessa descoberta. "É o organismo multicelular, o primeiro que temos no mundo inteiro e ela conta para nós uma parte da evolução biológica. Há cerca de 550 milhões de anos apareceu essa primeira forma aqui em Corumbá. Depois, houve outros achados na China, África, Estados Unidos, mais a nossa Corumbella é a mãe de todas. A partir dela podemos ver a evolução biológica. Esse fóssil é o vestígio de um primeiro coral, organismo multicelular descoberto no mundo inteiro e tem 550 milhões de anos. Os dinossauros, que são mais conhecidos, têm idade de 60 milhões", explicou o professor alemão que há 35 anos está radicado no Brasil.
O sítio arqueológico existente na Cacimba da Saúde guarda ainda fortes vestígios do esqueleto da Corumbella. "O que temos é o esqueleto que parece um verme, uma minhoca de dez centímetros. Sabemos que foi um pequeno coral, um tubo em que dentro estava um organismo. Foi preservado o esqueleto dele", esclareceu Detlef Walde, numa linguagem bem simples. "A Corumbella conta para nós uma história, a da evolução. Sabemos que estava vivo, num ambiente marinho como a praia, num período de 550 milhões de anos, no período Neoproterozóico ou Ediacariano ", completou.
Walde contou que três pesquisadores chineses participam do Corumbá Meeting e vieram aqui para discutir a adaptação do nome Corumbella às espécies encontradas naquele país alguns anos após a descoberta ocorrida em Corumbá. "Na China há exemplares, com ocorrência dois anos depois da nossa descoberta. Eles acharam forma semelhante; a Corumbella é a mais antiga e diferente. Os pesquisadores chineses estão aqui para discutir detalhes com a gente porque vão ter de adaptar o nome da Corumbella para o achado deles", disse o professor.
O nome dado ao fóssil foi uma homenagem a Corumbá e quer dizer "a bela de Corumbá", disse Walde.