Pesquisa inédita do Ministério da Saúde mostra que bebês nascidos nos hospitais Amigo da Criança são amamentados por mais tempo e de forma mais adequada. Atualmente, 335 instituições possuem essa credencial conferida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Este ano, a Semana Mundial de Aleitamento Materno ? que começa neste domingo (1) e vai até o próximo sábado (7) ? tem como tema essa iniciativa, ressaltando a importância da forma de atuação desses hospitais para o cuidado da saúde das crianças e das mães brasileiras.
Os resultados da pesquisa, realizada pelo Ministério da Saúde em 2008, mostram que o índice de bebês que mamaram na primeira hora de vida foi de 71,9%, nos hospitais Amigo da Criança, enquanto entre as crianças nascidas em outras maternidades a taxa foi de 65,6%. Essa diferença de 6,3% representa cerca de 190.000 crianças que estão sendo beneficiadas a cada ano com essa prática, que além de promover a interação entre mãe e filho, diminui a mortalidade no período neonatal.
Entre os menores de um ano nascidos em um hospital Amigo da Criança, 79,3% haviam sido amamentados no dia anterior ao inquérito. Entre os nascidos em outras maternidades, a taxa foi de 75,8%.
?A diferença parece pouco, mas é muito expressiva, estamos falando aqui de milhares de crianças que foram amamentadas por mais tempo porque suas mães foram sensibilizadas sobre a importância do aleitamento materno e tiveram o apoio da equipe hospitalar para que a amamentação tivesse sucesso?, diz a coordenadora de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Elsa Giugliani.
A pesquisa consultou pais ou responsáveis de mais de 120 mil crianças menores de um ano de 254 municípios, incluindo todas as capitais e o Distrito Federal.
As instituições que adotam a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) precisam cumprir os Dez Passos Para o Sucesso da Amamentação, que incluem a capacitação de toda a equipe que presta atendimento integral às mães durante e após o parto. O objetivo da IHAC é criar e manter um ambiente de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.
Como observa Elsa Giugliani, pesquisas internacionais comprovam a importância do contato pele a pele durante a primeira hora de vida. Segundo ela, a amamentação na primeira hora de vida pode reduzir em até 22% o índice de mortalidade neonatal.
?Um dos passos a serem cumpridos por um Hospital Amigo da Criança é colocar o bebê em contato pele a pele com a mãe logo depois do parto e não separar mais os dois. Isso fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho, propiciando uma relação mais saudável, explica Giugliani.
ALIMENTAÇÃO IDEAL ? O leite materno é considerado um alimento completo, que age como uma ?vacina natural? ao proteger o bebê de diferentes doenças. Também melhora a saúde da mãe ao reduzir risco de diabetes e de câncer de mama e ovário. Por isso, especialistas recomendam que a alimentação nos primeiros seis meses de vida seja constituída exclusivamente de leite materno.
A pesquisa do Ministério da Saúde aponta que 50% dos bebês com até seis meses, nascidos em hospitais Amigo da Criança, foram alimentados somente com leite materno. Nas outras maternidades, esse índice foi de 46%. Depois dos seis primeiros meses de vida da criança, devem ser incluídos, na dieta dos pequenos, os alimentos complementares como frutas, legumes, cereais e carnes. E a amamentação deve ser mantida até os dois anos ou mais.
CAMPANHA ? Idealizada pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA), ocorre desde 1991 em todo o mundo. Este ano, o tema escolhido para a Semana é a ?Iniciativa Hospital Amigo da Criança? e a sua importância para a criança, a mãe, a família e o próprio hospital. Desde 1992, o Ministério da Saúde vem incentivando a implementação da IHAC em todo o País, com o apoio do Unicef. No decorrer de toda a semana serão veiculadas peças publicitárias como spots de rádio, filmes, cartazes e folderes conscientizando a população sobre a importância do aleitamento materno.
A campanha desse ano começa no domingo (01/08). A Secretaria de Saúde do Distrito Federal promoverá uma caminhada em Brasília na qual serão distribuídos panfletos e cartazes orientando as mães a ter uma amamentação mais tranquila e prazerosa. Ao longo da semana, serão veiculadas peças gráficas, spots de rádio e filmes para a TV.
Nesta segunda-feira, em Recife, será o lançamento nacional da campanha do Ministério da Saúde em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e com o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP). A coordenadora da Saúde da Criança do Ministério da Saúde Elsa Giugliani vai participar do evento.
Além do apoio na gestação, no parto e no puerpério (pós-parto), a IHAC inclui a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno após a alta da mãe. ?Os hospitais Amigo da Criança devem orientar as mães quanto aos locais onde elas podem tirar as suas dúvidas, serem tratadas se houver intercorrências ou simplesmente serem ouvidas, cuidadas, apoiadas?, conta Elsa Giugliani. Esses locais compreendem bancos de leite, unidades de saúde e até grupos de mães, nas comunidades, para a troca de ideias e experiências.
DEZ PASSOS ? Para se tornar um Hospital Amigo da Criança (HAC) a instituição deve cumprir os dez passos considerados fundamentais para a garantia do sucesso da amamentação:
1. Ter uma política de aleitamento materno escrita, que seja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde.
2. Capacitar toda a equipe de cuidados da saúde nas práticas necessárias para implementar esta política.
3. Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno.
4. Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o nascimento do bebê.
5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas dos filhos.
6. Não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica.
7. Praticar o alojamento conjunto, permitindo que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas.
8. Incentivar o aleitamento materno sob livre demanda.
9. Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.
10. Promover grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a esses grupos na alta da maternidade.
(Fonte: Ministério da Saúde)