A temporada de pesca no Pantanal acaba de ser reaberta e milhares de pescadores esportivos estão voltando a lançar suas iscas na esperança de travar duelos com dourados, pintados, cacharas e pacus, entre outras espécies da região. Como o ciclo das águas saiu do calendário natural e chegou mais cedo, esta disposição influenciou positivamente na piscosidade dos rios, oferecendo às espécies oxigênio suficiente para encerrar o período de reprodução, a chamada piracema. Hotéis, pousadas e barcos-hotéis para todos os gostos e bolsos instalados em cidades e zonas ribeirinhas estão comemorando aumento nas reservas para esta temporada. O feriadão da Semana Santa dias 2, 3 e 4 de abril, é um bom motivo para deixar o estresse no trabalho e cair no mundo em busca de boas fisgadas. Existem pacotes para todos os gostos e bolsos, dependem apenas da “cara do freguês”. As agências de turismo de sua cidade oferecem estadias de três a cinco dias, com café da manhã, almoço e jantar. Se pechinchar, o pescador poderá conseguir barco, motor, piloteiro e iscas com descontos especiais. Os rios da bacia do Paraguai pegaram água acima da média neste início de ano, por causa do longo período de chuva que inundou parte da planície pantaneira. As cheias contribuíram para oxigenar as águas e renovar o estoque pesqueiro do Pantanal. Esta disposição quebra longo ciclo de seca na planície. Porém, se para fazendeiros e ribeirinhos as águas trouxeram transtornos, para os peixes significaram “fartura” de alimentos. Outros que comemoram são os pescadores amadores, amantes de belas fisgadas. Cacharas, pintados, pacus, piauçus, jiripocas, jurupenséns, bagres e piaus estão fazendo a alegria dos pescadores amadores nos rios Paraguai, Miranda, Aquidauana, Negrinho, Nabileque, Taquari (na região de Corumbá e Coxim). Em Miranda (a 243 quilômetros da Capital), por exemplo, no pesqueiro da Neuza (67) 3242-1063, pescadores fisgaram exemplares de jiripoca, jurupensém e pacu. E como não poderiam faltar, bagres, piranhas e peixe-cachorro. No pesqueiro 110, do Carlos Sato, localizado na rodovia BR-262, as águas do Aquidauana, mais limpas agora com a trégua de São Pedro, estão proporcionando boa pescaria. Além do curimbatá (especialidade e preferência dos nipônicos), pacus, jiripocas e pintados também estão dando o ar da graça, literalmente. No Passo do Lontra (Estrada-Parque), as águas do Miranda continuam “bufando”, mas nada para impedir caça aos palmitos, piauçus e pacus. O único entrave ali é fazer a travessia do rio Miranda. A ponte quebrou e a companhia responsável pela balsa está cobrando R$ 25 para carros de passeio e caminhonetas. Além disso, o grupo deve estar preparado para manter o bom humor em decorrência da demora na travessia. O movimento de caminhões boiadeiros é intenso na região, mas não há outra forma de chegar aos hotéis e pousadas da Estrada-Parque. Em Corumbá, os hotéis estão com alto índice de reserva antecipada de grupos de pescadores de todo o País. Na maior e mais bem estruturada estação de pesca do Estado, barcos-hotéis e pousadas à beira do rio Paraguai comemoram os resultados da cheia: oxigênio e cardumes. Mais: evitou o prolongamento da decoada. Nesta temporada, se comparada com anos anteriores, a enchente fora de época amenizou o fenômeno que costuma matar grande número de espécies no rio Paraguai. Em Porto Murtinho, Luís Eduardo Baís, empresário do Hotel dos Camalotes, disse que as cheias devolveram a piscosidade ao rio nesta temporada, e está contando história ou estórias de pescador mesmo. Embalado pelas reservas antecipadas em seu empreendimento, conta que os hóspedes estão chegando ao fim do dia, depois de longa jornada embarcados, trazendo dourados, pintados, piauçus e pacus, fisgados no encontro dos rios Paraguai e Apa. “Estamos otimistas nesta temporada”, conta. “No corixo Santa Maria, próximo da fazenda Quebracho, fisgamos mais de 150 piauçus, sem contar com pacus e cacharas”, conta o piloteiro Sérgio David de Oliveira. Deste total, completa, sua equipe devolveu às águas, pelo menos, 50 exemplares de piauçus com medida inadequada. Opção Outra opção é percorrer de barco os rios e conciliar a pesca com os inevitáveis safáris fotográficos. Não é difícil avistar nas margens uma grande variedade de aves, de pequeno e grande porte, como o gavião-pato, o gavião-de-penacho, o chororó-dopantanal, a garça e o elegante tuiuiú, símbolo do Pantanal. A arara azul é mais esquiva, tal como o lontra e a ariranha. Mas, em contrapartida, os pequenos mamíferos, como as capivaras, os macacos- prego, os saguis ou os cervos-do-pantanal, são frequentes em muitos recantos. Sem contar o espetáculo da flora que costuma reservar belas imagens em algumas regiões.