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Pecuaristas mudam venda do boi e preço deve cair no varejo

Pecuaristas mudam venda do boi e preço deve cair no varejo

CARLOS HENRIQUE BRAGA

02/02/2010 - 23h23
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Sete meses após a criação da campanha que incentivava os pecuaristas de Mato Grosso do Sul a vender apenas à vista, o setor produtivo deixa a posição historicamente submissa às empresas frigoríficas e anuncia a criação de cooperativa de venda direta ao consumidor em Campo Grande. A pretensão é abocanhar 10% do mercado local, o que representa o abate de 20 mil animais por ano, usando frigoríficos e açougues alugados para beneficiar e distribuir o produto. A medida deverá reduzir também o preço da carne para o consumidor. “Nós temos que evoluir, comercializamos da mesma forma há 70 anos”, diz o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, José Lemos Monteiro. Entre as inovações em desenvolvimento estão também a comercialização do gado no mercado físico da bolsa de valores — como é feito com açúcar e arroz, entre outras commodities —, e padronização do preço da arroba de forma à vista e livre do imposto Funrural. “Teremos condição de vender carne de qualidade muito mais barata”, prevê. A cooperativa virtual de produtores, ainda sem nome, deve sair do papel até o fim do ano. O termo “virtual” é usado porque os produtores serão locatários e não donos dos frigoríficos e açougues envolvidos na operação. Inicialmente serão alugados um ou dois açougues e uma unidade frigorífica. A ideia é baseada na Cooperativa Agroindustrial Aliança de Carnes Nobres Vale do Jordão (Cooperaliança), criada na cidade de Guarapuava (PR). Pressão midiática Desde 1960, a inadimplência dos frigoríficos pesa nas costas do setor produtivo. O pecuarista que vendia o gado a prazo para as empresas, acabou por financiá-las. “O setor produtivo sempre foi o mais desorganizado da cadeia da carne. Neste momento vivemos uma mudança no cenário. A venda à vista cresceu em todo o Brasil, e os frigoríficos tiveram de se capitalizar para passar pela mudança no padrão de comercialização”, avalia o analista João Pedro Cuthi Dias, da Sophus Consultoria. A insatisfação cresceu em 2009, depois que o Frigorífico Independência, então maior comprador em MS, anunciou recuperação judicial para não decretar falência. A dívida local com os produtores beirava os R$ 50 milhões e, após idas e vindas judiciais, chegou-se a negociação satisfatória — porém os pagamentos ainda não foram realizados. O cenário mudaria após o susto. Em junho, Federações de Agricultura e Pecuária de MS, Mato Grosso e Goiás criaram a campanha midiática ‘Gado só à Vista” para conscientizar o produtor sobre os riscos da venda a prazo. De acordo com o vicepresidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), que liderou a luta pela venda à vista no Estado, Eduardo Riedel, “a campanha despertou a necessidade no modelo de vender o gado, e as vendas à vista crescerem significativamente, mas é difícil quantificar essa mudança”. Já a federação de Goiás (Faeg) tem esses dados: 65% das negociações são feitas à vista no Estado, segundo pesquisa da instituição. A propaganda próvenda à vista em rádios,TVs e jornais custou R$ 150 mil à Faeg. A Famasul não divulga o investimento na campanha, semelhante às de Goiás e Mato Grosso. Apesar do monitoramento pouco eficaz em MS, que impede a apuração do alcance da campanha, ela colaborou, segundo o setor, para a mudança no comportamento do pecuarista. Uma amostra dos novos tempos no mercado pecuário: a média de preço do boi gordo analisada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), antes informado a prazo, agora é disponibilizado também à vista. Deságio preocupante Ao comprar à vista, os frigoríficos reduzem o preço dos animais em até 3%. É a norma de qualquer negociação: quem paga na hora tem direito ao desconto. Para Monteiro, o deságio fortalece o caixa do frigorífico em até 24% ao ano, porque barateia a mercadoria. De acordo com Cuthi Dias, esse é o outro lado da moeda. “Essa é a preocupação dos produtores na venda à vista, ainda mais em um mercado concentrado como o nosso, onde duas grandes empresas dominam e reduzem os preços”, analisa.

DATA COMEMORATIVA

Dia das Mães tem mais adeptos, mas gasto menor previsto para 2024

Pouco criativo, grande parte do sul-mato-grossense deve presentear pela "escolha da mãe", com foco em roupas e perfumaria

15/04/2024 12h37

Há uma preferência de 77% do público considerando o desconto à vista como principal atrativo na hora da compra Marcelo Victor/ Correio do Estado

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Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio-MS (IPF-MS) e o Sebrae MS mostram que para o próximo 12 de maio, - quando é celebrado o Dia das Mães - o campo-grandense pretende gastar menos com as matriarcas neste ano, enquanto o número de adeptos às celebrações registra alta. 

Ou seja, ainda que os percentuais de quem deve comemorar e aqueles que vão às compras para o Dia das Mães tenham crescido neste ano (4,17 e 6,51%, respectivamente), a movimentação total tem previsão de queda estimada em 7%. 

Dos R$ 478,82 milhões previstos a serem movimentados no total, as comemorações representam maior parte desse volume (R$ 254,93 mi), enquanto os gastos com presentes devem movimentar quase 224 milhões de reais em 2024. 

Além da Capital, essa pesquisa da Fecomércio teve coleta nos municípios de Dourados, Ponta Porã, Coxim, Bonito, Corumbá-Ladário e Três Lagoas, realizada na primeira semana de abril com 1994 pessoas, revelando algumas características do perfil de gastos do sul-mato-grossense para com as matriarcas. 

Economista do Instituto, Regina Dedé de Oliveira esclarece que, entre os motivos dessa retração, aparece principalmente a previsão dos gastos médios com presentes e comemorações menores, considerando o valor real.

Gastando em média R$ 211,79 com presentes e R$ 219,22 nas celebrações, há uma preferência de 77% considerando o desconto à vista como principal atrativo na hora da compra, que sinaliza uma tendência para o setor do comércio. 

“O comerciante precisa ficar atento à tendência de pagamento à vista, mediante descontos e também levar em conta em suas estratégias que o bom atendimento, condições de parcelamento e variedade são itens importantes para a decisão de compra”, explica Regina Dedé. 

Criatividade em falta? 

Apesar do aumento entre quem já demonstrou que deve valorizar sua matriarca nesse 12 de maio, alguns pontos indicam quase um "cumprimento de protocolo" por parte dos consumidores, com a maioria se resumindo a presentear pela "escolha da mãe" (39,97%), em uma loja física (87,26%) do centro (65,10%), tendo "roupas" como o principal alvo de compras (29%). 

Fechando o "Top 5" produtos na mira de compra para o Dia das Mães, aparecem os seguintes itens: 

  • Perfumes e cosméticos - 26%
  • Calçados - 18%
  • Bolsas e acessórios - 12%
  • Flores - 10% 

Com o comércio dos bairros figurando como o segundo mais visado por quem pretende comprar para o Dia das Mães (15,72%), sendo que a aquisição virtual de produtos inclusive de lojas físicas (6,76%) aparece logo após a presencial, a preferência por compras online aparece até mesmo na frente das escolhas pelos shoppings. 

Reprodução/IPF-Fecomércio

Parte dessa "falta de criatividade" ainda fica sinalizada no indicador de que pouco mais de um porcento dos entrevistados demonstrou apreço para além do dinheiro gasto e indicou que pretende fazer o presenta a ser dado nesse dia das Mães. 

Considerada como uma das principais datas que impulsionam o comércio, até mesmo o movimento dos supermercados deve sentir a vontade do sul-mato-grossense em celebrar as mães, já que 80,85% das comemorações são descritas como "um dia reunido em família, comprando ingredientes para uma refeição". 

Analista-técnico do Sebrae/MS, Paulo Maciel comenta a chance dos comerciantes em "prospectar novos clientes", justamente pelo apelo emocional que vem junto do Dia das Mães.

"É uma oportunidade das pessoas expressarem o seu o reconhecimento pelas suas mães... e isso foi refletido nos resultados da pesquisa de intenção de consumo. Então, essa data acaba sendo uma grande oportunidade para o empresário fortalecer os seus laços com seus clientes e adquirir novos clientes também", complementa o profissional em nota. 

Enquanto quase onze porcento não possui o hábito e 7,65% está sem dinheiro, há quem destaca que "acha uma data inventada pelo comércio" (5,91%), mas a maioria esmagadora entre quem não deve presentar nessa data (71,13%) já passou pelo falecimento da própria mãe. 

 

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TRÊS LAGOAS

Petrobras anuncia retomada das obras da UFN3 para o fim do ano

Na última sexta-feira, Eduardo Riedel pediu ajuda ao presidente Lula para a conclusão da obra

15/04/2024 12h00

A UFN3, em Três Lagoas, está com as obras paralisadas Reprodução

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As etapas para conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas, devem ser retomadas no fim deste ano, segundo a Petrobras. A estatal anunciou que o processo licitatório para o reinício das obras deve ser aberto em dezembro de 2024.

A expectativa é que a unidade comece a operar até o fim de 2023.

Na última sexta-feira (12), o governador Eduardo Riedel (PSDB) pediu ao presidente Lula que "olhasse com carinho" para a fábrica, que está com as obras paradas desde 2014. O pedido foi feito durante visita do presidente a Campo Grande.

Nesta segunda-feira (15), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse, em entrevista a CNN, que as obras serão retomadas. 

Na entrevista, ele rebateu um dossiê feito na semana passada, contra a permanência dele no comando da estatal e que apontava que Prates resistia em concluir a UFN3, que precisa de investimento de R$ 5 bilhões.

Durante a conversa, Jean Paul afirmou que sempre defendeu a importância da inclusão do projeto da fábrica no Planejamento Estratégico da Petrobras, o que foi feito em novembro do ano passado, após demonstração técnica de viabilidade financeira e decisão da estatal de voltar ao setor de fertilizantes.

O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, reafirmou que o dossiê sobre a não retomada da UFN3 não correspondia a realidade

"Estamos acompanhando o assunto junto com a ministra Simone Tebet e temos inclusive a previsão que a licitação ocorra no final de ano”, disse.

Quando concluída, a UFN3 deve reduzir em 15% a dependência brasileira dos nitrogenados, contribuindo para a autonomia nacional no setor de fertilizantes.

A obra da UNF3 foi paralisada no fim de 2014, com 81% da construção realizada.

A fábrica de fertilizantes foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, fazendo a separação e os transformando em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia.

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