No momento em que o Brasil que produz alimentos está atento às definições sobre o novo Código Florestal, salta aos olhos a estatística originada no Ministério da Agricultura que joga luz sobre o aumento da produtividade na pecuária nacional nos últimos 50 anos. Entre 1960 e 2010, o rebanho bovino saltou de 58 milhões de cabeças para cerca de 204 milhões (mais 251%). No mesmo período, a área de pastagem passou de 122,3 milhões de hectares para cerca de 170 milhões, com alta de apenas 39%. Enquanto isso, a produtividade pulou de 0,47 cabeça por hectare para 1,2 cabeça, com evolução de 155%. Trocando em miúdos, se a pecuária mantivesse o menor nível de produtividade de 50 anos atrás, seriam necessários hoje mais de 430 milhões de hectares de pastagens para obter o mesmo resultado em produção de carne e de leite. O mesmo raciocínio vale para o leite. Em 1960, uma vaca em lactação produzia 578 litros por ano. Atualmente, a média está em 2.351 litros (alta de mais de 300%).
No período, o rebanho de vacas ordenhadas subiu de 3,7 milhões para 30,6 milhões de cabeças. Essas informações contrapõem muitos argumentos daqueles que colocam o desmatamento ilegal e demais irregularidades contra o ambiente na conta da produção de proteínas animais. A situação é mais complexa. Não se pode ignorar que o crescente ganho de eficiência da pecuária faz muito mais pelo ambiente do que discursos radicais que levam a uma discussão sem fim. Usando outro dado do próprio governo: se o Código Florestal que ainda está em vigor fosse aplicado integralmente, mais de 97% da produção primária do Brasil estaria fadada a desaparecer. Os pecuaristas não são devastadores. Pelo contrário, estão entre aqueles que precisam da terra para sobreviver. Sendo, assim, nada mais natural do que cuidar dela. Segundo estimativas, pelo menos 50% da área de pastagem do país está degradada, mesmo que parcialmente. A conta é simples: é mais barato para o pecuarista recuperar essas áreas do que desbravar outras. Está aí mais um indicador de que o uso da tecnologia, seja em genética, em nutrição ou em sanidade, é a opção mais inteligente para o crescimento contínuo da produção de carne e de leite. Utilizando como exemplo a genética, a inseminação artificial (usada há quatro décadas no país) possibilita a produção de um bezerro por vaca por ano; a fertilização in vitro (reinante na pecuária profissional) gera mais de 50 crias por vaca todos os anos. A pecuária está fazendo a sua parte para a produção sustentável de alimentos.