NATHALIA BARBOSA E NADYENKA CASTRO
A Polícia Civil suspeita que os assaltos ocorridos no começo da noite de segunda-feira no Shopping Norte-Sul, localizado na Avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande, tenham sido comandados por presidiários. No entanto, não acredita que os roubos tenham sido uma “resposta” à operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), realizada também ontem, e que prendeu 10 pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que age do interior das celas.
Os roubos ao Fort Atacadista e à joalheria Mandala estão sendo investigados pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Roubos e Furtos (Derf), que trabalha com a possibilidade de os crimes terem sido planejados pelos bandidos, após terem passado algum tempo observando a movimentação e a dinâmica do centro comercial, inaugurado no segundo semestre do ano passado. O que intriga a polícia é o porquê de os assaltantes terem abandonado quase tudo que roubaram.
A ação
Os bandidos entraram no local pela porta lateral esquerda e teriam rendido clientes da agência bancária - mas até a tarde de ontem, nenhum havia procurado a polícia, assaltaram a joalheria e a tesouraria do Fort Atacadista. Imagens de duas câmeras feitas pelo circuito interno do shopping, que já estão com a Derf, mostram a dinâmica do crime e quatro bandidos com armas de fogo em fuga.
Quase toda a mercadoria da joalheria foi roubada. Foram cerca de 300 peças de anéis, colares e brincos. Para entrar na tesouraria do supermercado, eles arrombaram a porta da sala com os pés e pegaram várias sacolas com moedas, totalizando cerca de R$ 2,3 mil. Na fuga, pela mesma porta em que entraram, se depararam com um homem - supostamente um policial, que disparou dois tiros contra eles, e revidaram com um disparo. A princípio, ninguém ficou ferido. No local, a polícia encontrou um projétil deflagrado e um intacto.
Pelo menos um dos assaltantes estava armado com metralhadora. Os demais também estavam com armas de fogo, mas ainda não há confirmação do modelo que utilizavam.
Após saírem do centro comercial, entraram em um veículo Siena, onde possivelmente havia pelo menos mais um comparsa. No entanto, o carro foi abandonado em rua próxima ao centro comercial, com a maior parte do dinheiro roubado e com quase todas as joias. A polícia não sabe como eles fugiram depois de terem abandonado o automóvel, que havia sido roubado de um rapaz de 19 anos na noite de sábado, na Vila Carlota, na Capital.
Para a polícia, os assaltantes podem ter “deixado para trás” as mercadorias, por medo de serem presos após a reação do suposto policial, por terem visto as moedas e achado a quantia pouca ou por outro motivo ainda desconhecido.
Identificação
A Derf analisa as imagens do circuito interno do Shop–ping Norte-Sul para tentar identificar os bandidos. Conforme o delegado-titular da Derf, André Luiz Novelli Lopez, os criminosos aparecem nas imagens vestindo máscaras cirúrgicas ou capuz e usando luvas, o que dificulta o trabalho de identificação. As gravações ainda mostram pessoas deitadas no corredor do shopping. De acordo com o delegado, os resultados de exames periciais no Siena, que devem sair ainda esta semana, vão contribuir para identificar os assaltantes.