Questionado se quer enfrentar o Corinthians, o atacante Alexandre Pato empurrou a responsabilidade para a diretoria do São Paulo. O jogador foi apresentado no centro de treinamento da Barra Funda.
"Eu quero jogar, mas vai depender dos diretores do São Paulo", disse o jogador.
Para Pato enfrentar o Corinthians, o São Paulo tem de pagar uma multa de R$ 1 milhão, estipulada em contrato pelos dois clubes, e ainda há risco de rescisão contratual por parte dos corintianos.
Pato foi emprestado pelo time alvinegro até o final de 2015 em uma troca que envolveu a ida do meia Jadson em definitivo ao Corinthians. O time do Parque São Jorge ainda pagará metade do salário de R$ 800 mil enquanto Pato defender o São Paulo.
No Paulista, no entanto, o confronto já não pode acontecer. Pato disputou cinco partidas pelo Corinthians e o limite que poderia ter feito para defender outra equipe era de três.
Restam ainda a Copa do Brasil, neste caso um confronto entre os dois clubes dependeria do sorteio da tabela, e dois jogos pelo Campeonato Brasileiro deste ano.
"Vivo de Gols"
Sobre o São Paulo, Pato disse que está focado em estrear na Copa do Brasil, diante do CSA, em Alagoas, no dia 12 de março, e que sua meta é ser o goleador do time.
Ele minimizou o fato de não ser um jogador de marcação, mais aguerrido, como exigem alguns torcedores. Mas se colocou à disposição do técnico Muricy Ramalho.
"Sou um atacante. Vivo de fazer gols. Tenho de marcar também, mas o principal é fazer gol. Jogo para a frente. Se tiver de marcar, vou ajudar. Vim com um objetivo no São Paulo que é ser campeão. Se o técnico pedir para marcar, dar carrinho, voltar até o zagueiro, eu vou fazer. Mas acredito que o objetivo dele é que eu faça gols", disse Pato.
Sobre a possibilidade de jogar como centroavante ou ponta, Pato foi indiferente.
"Eu jogo tanto de primeiro atacante como de segundo. Vou conversar com o Muricy e ver qual será a melhor posição. Faço as duas. O que eu quero é jogar."
A notícia de que Pato seria o novo reforço do São Paulo foi recebida com desconfiança por parte da torcida tricolor. Após um ano no Corinthians, o atacante chegou ao clube do Morumbi em uma negociação que envolveu a troca do meia Jadson, agora no time alvinegro.
O atacante afirmou que essa desconfiança é normal e que já está recebendo apoio dos torcedores nas redes sociais.
"Eu passei de um rival para o outro, entendo a torcida. Mas hoje as pessoas me param na rua e me dão força, desejam boa sorte. Só depende de mim entrar em campo e mostrar o que posso fazer", disse o jogador.
O novo dono da camisa 11 do São Paulo contou que foi muito bem recepcionado pelos companheiros de clube, principalmente pelo goleiro Rogério Ceni.
"Gostaria de agradecer ao Rogério, que me recebeu de braços abertos na primeira vez em que visitei o CT. O Muricy também tem me dado muita força e me deixa bastante à vontade perante o grupo."
Aos 24 anos, Alexandre Pato acredita que ainda tem muito a mostrar dentro de campo. Na opinião do atacante, os questionamentos sobre seu desempenho são naturais, já que ele começou sua carreira como profissional aos 16 anos.
"Encaro essas cobranças como algo normal, tanto por parte da imprensa quanto dos torcedores, jogadores e de mim mesmo. Sempre questiono o meu trabalho, sou o primeiro a me cobrar", afirmou.
"As pessoas pensam coisas a meu respeito sem me conhecer direito. Sou muito trabalhador.
No meu ex-clube, eu era o primeiro a chegar e o último a ir embora. Saí de casa aos 11 anos, deixei minha mãe chorando na rodoviária. Aprendi muito."
Por ter disputado cinco jogos do Campeonato Paulista pelo Corinthians, Pato terá que aguardar um pouco para estrear na nova equipe. A ansiedade, segundo ele disse, está difícil de segurar.
"Fui ao estádio outro dia e é muito ruim ficar de fora, não poder ajudar. Não vejo a hora de vestir essa camisa", finalizou.
Irritação
Apesar de mostrar calma e tranquilidade durante a primeira entrevista como jogador do São Paulo, Alexandre Pato se irritou durante alguns momentos da coletiva de hoje.
O atacante ficou nervoso com a quantidade de perguntas sobre o Corinthians, clube que defendeu na última temporada e no início deste ano, e sobre a torcida alvinegra, que teve no jogador um dos pivôs da cobrança para uma recuperação do time em 2014.
"Eu peço que perguntem sobre o São Paulo que é meu clube hoje. O Corinthians é página virada. Hoje penso no São Paulo e em dar alegria aos companheiros e aos torcedores", disse Pato, em um dos momentos que ficou exaltado.
Apesar da irritação, o jogador deu depoimentos positivos sobre o Corinthians e disse que foi graças ao trabalho que fez no time alvinegro que conseguiu encerrar a temporada sem lesões.
Desde 2008, quando viveu seu auge no Milan, Pato passou a sofrer lesões em sequências e a ficar longos períodos afastados do futebol.
"Eu tive a oportunidade de vir para o Brasil e o Corinthians me recuperou, mas eu não tive a sequência que eu gostaria de ter. Nos minutos que joguei sempre tentei mostrar o meu melhor. Fiz 17 gols e fui o artilheiro do time com menos tempo dentro de campo", disse Pato.
"Mas no Corinthians sempre dei meu melhor, mas faltou uma sequência. Tive uma passagem não muito boa no meu final na Europa por causa das lesões. Mas ano passado foi bom porque não me machuquei. Agora é um novo desafio. Estou em clube que foi tricampeão mundial e não vejo a hora de jogar".
Pato disse que a invasão de torcedores do Corinthians ao centro de treinamento Joaquim Grava, no dia 1º de fevereiro, não foi responsável pela sua saída do clube.
Na ocasião, cerca de cem torcedores organizados entraram no CT, agrediram uma funcionária e o atacante Paolo Guerrero, quebraram dois carros e roubaram quatro aparelhos telefônicos.
"Todos sabem o que aconteceu. A invasão não pesou. Minhas decisões foram por outros motivos. Vim para o São Paulo porque é um time grande. Tem uma torcida imensa e isso me ajudou na escolha. Estou muito honrado de estar aqui", disse Pato.
Mas o atacante já sabe que será cobrado por alguns torcedores do São Paulo. No último dia 6, na vitória tricolor sobre o Paulista por 2 a 0, cerca de 200 membros da organizada xingaram o atacante e a diretoria são-paulina pela contratação de Pato.
"Passei de um rival para outro e entendo esse comportamento da torcida. Hoje, tenho visto muitas pessoas que querem meu bem. Mas depende de mim entrar em campo e mudar isso", disse o jogador.