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Pastores e fuzis

Pastores e fuzis

HERMANO DE MELO, ESCRITOR E ESTUDANTE DE JORNALISMO

25/03/2010 - 00h34
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Notícia recente veiculada pela mídia local e nacional causou forte impacto entre os brasileiros em geral e sul-mato-grossenses em particular. Em 10 de março último, dois pastores da Igreja Mundial do Poder de Deus foram presos em operação rotineira da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-262, em Miranda,MS, a cerca de 200 km de Campo Grande, por transportarem sete fuzis M-15 calibre 5.56 de fabricação americana, em um carro com placa de Três Lagoas. Eles iriam se reunir com um terceiro pastor em Campo Grande (que também foi preso depois), para então levar as armas a traficantes do Morro do Martins, em São Gonçalo (RJ). Pelo transporte, o grupo receberia R$ 20mil (Campo Grande News e TV Morena/Globo (11/03/2010); Correio do Estado (12/03/2010). Os pastores disseram aos policiais que voltavam de Corumbá onde haviam promovido cultos religiosos, mas como eles estavam muito nervosos a polícia desconfiou e resolveu fazer uma revista minuciosa. Os fuzis desmontados e envolvidos em material adesivo plástico foram encontrados escondidos em fundos falsos nas portas dianteiras e traseiras e no assento de trás do veículo. Com os pastores foram apreendidos também R$ 2,5 mil que teriam sido entregues pelo fornecedor das armas na Bolívia, para pagamento de despesas de viagem, e R$ 4 mil que alegaram ter arrecadado dos fiéis em Corumbá e Ladário. Os três foram indiciados pelo crime de tráfico internacional de armas e junto com o material apreendido presos na Superintendência da Polícia Federal de Campo Grande. Dois deles são ministros religiosos da Igreja Mundial “A mão de Deus está aqui”, no bairro Vila Nova, de Três Lagoas. Para a Aliança Evangélica Brasileira de Mato Grosso do Sul (AEVB-MS), a prisão dos três pastores demonstra o despreparo de alguns líderes religiosos que acabam não se tornando exemplos de pessoas. De acordo com o pastor Ronaldo Leite Batista, presidente da Aliança, líderes evangélicos, principalmente, devem se pautar “pela lei, pela ordem e orar pela moralidade”. Segundo ele, a Igreja Mundial do Poder de Deus não é associada à Aliança Evangélica, e apesar de defender a liberdade religiosa diz que “é preciso que os líderes tenham preparo teológico e não apenas se denominem pastores” (Correio do Estado, 12/03/2010). Por outro lado, o Apóstolo e líder da Igreja Mundial, Valdemiro Santiago, disse em programa de TV que os traficantes presos no MS não são pastores de sua Igreja, mas se forem devem ser condenados e mandou um duro recado à TV Globo (O Galileo,15/03/2010). No blog “Púlpito Cristão”, Leonardo Gonçalves (12/03/2010) compara o episódio sul-mato-grossense a outro veiculado no “Estadão”, em 2003. Naquele caso,o bispo evangélico Waldemiro Santiago de Oliveira, de 39 anos, da Igreja mundial, foi preso durante uma blitz em Sorocaba, por levar no porta-malas do carro uma escopeta, duas carabinas e farta munição. Outras duas armas e mais munição foram apreendidas em vistoria à casa do bispo, mas ele alegou que as armas eram de caça e estavam sendo levadas para um amigo, numa fazenda próxima. Os policiais deram voz de prisão ao bispo, indiciado em flagrante por porte ilegal e, em razão das características das armas, sem direito à fiança. Ele poderia responder também por crime ambiental, se ficasse comprovado que usava as armas para caçar, como declarou aos policiais. Mas beneficiado por um alvará de soltura, o bispo foi posto em liberdade logo em seguida e continua assim até hoje! Mesmo descontando, em parte, o caráter sensacionalista da notícia, e o fato de que não se pode julgar o conjunto de uma Igreja pelo comportamento de alguns de seus membros, o evento sul-mato-grossense é preocupante por duas razões principais. A primeira se refere ao velho ditado que diz “onde passa um boi, passa uma boiada”, que poderia se aplicar ao caso. Ou seja, se for verdade que para cada veículo apreendido por tráfico de drogas, armas e/ou mercadorias contrabandeadas nas estradas brasileiras, pelo menos outros três passam incólumes pelas barreiras policiais, é bem possível que os fuzis apreendidos pela PRF em Miranda, MS, representem apenas a ponta do iceberg de todo armamento de grosso calibre que passa por ali todos os dias em direção às favelas do Rio de Janeiro! Daí a necessidade talvez de maior vigilância! A segunda razão é de cunho puramente religioso: como se pode admitir e aceitar que pastores – neste caso, da Igreja Mundial – que em princípio deveriam se preocupar em salvar ‘almas’, se prestem à tarefa de traficar ‘armas’ (e que armas, hein?), que serão utilizadas provavelmente para matar outros seres humanos – e por vinte mil reais! Em última análise, o episódio de Miranda, MS, representa muito mais que um simples achado de fuzis de grosso calibre no carro de pastores da Igreja Mundial. Ele revela, de forma inequívoca, o estado de barbárie capitalista e promiscuidade a que chegou uma parcela significativa da sociedade brasileira nos dias atuais, particularmente aquela que sobrevive nas periferias e morros dos grandes centros urbanos. É como diz a coluna “Diálogo” (Correio do Estado,19/03/2010), sob o título “Sinais...”, ao se referir aos pastores presos e ao padre que no teste do bafômetro deu teor alcoólico acima do que a lei permite: “Se a situação está nesse nível, imagine em meio aos ‘pobres mortais’. Pelo jeito,o fim dos tempos está chegando mais rápido do que se imagina”. Alguém duvida?

Encontro Internacional

Conservação no Pantanal vira pauta mundial durante encontro de exploradores em Nova Iorque

Presidente do IHP, Ângelo Rabelo, foi indicado junto com outros brasileiros para tratar temas nacionais nos Estados Unidos

23/04/2024 18h25

A entidade existe há 120 anos e reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global que desempenharam ou realizam ações para transformar positivamente o mundo Divulgação IHP

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O grupo The Explorers Club, que reúne autoridades e pessoas com reconhecimento global que desempenham medidas que envolvem promoção da ciência e da conservação, discutiu em um de seus encontros a situação do Pantanal. O presidente do IHP, sediado em Corumbá (MS), Ângelo Rabelo, participou das reuniões realizadas em Nova Iorque, durante o encontro anual do clube. Ele apontou que é preciso haver atenção mundial com relação à conservação do Pantanal e da riqueza cultural do território.

A entidade existe há 120 anos e reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global que desempenharam ou realizam ações para transformar positivamente o mundo. Os encontros ocorreram entre sexta-feira (19) e domingo (21). Foram realizados diversos encontros e reuniões entre os participantes do clube, bem como ocorreram discussões sobre temas globais a serem trabalhados para promoção da conservação do Planeta.

 

Ângelo Rabelo, que atua em ações de conservação no Pantanal há cerca de 40 anos, pontuou que há diferentes esforços em andamento para prevenir incêndios florestais e promover desenvolvimento sustentável. Na semana passada, os governos de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, junto com o governo federal, assinaram termo de cooperação visando a união de esforços na defesa, proteção e desenvolvimento sustentável do Pantanal. Além disso, um fundo foi criado para financiar ações que ajudam a proteger o bioma, porém até hoje somente o governo de MS fez aporte de recursos (R$ 40 milhões) e o setor pública busca outras linhas de subsídio para essas ações. A promoção do Pantanal para o exterior pode contribuir nesse propósito, como já ocorre com a Amazônia, por exemplo.

“A maior área úmida do mundo, o Pantanal, está no mapa sobre as grandes explorações e os relatos que indicam locais que são desafiadores no Planeta. Por esse caminho cheio de desafios temos, primeiro, os povos originários que ainda habitam o território, como é o caso dos Guatós. Depois vieram as pantaneiras e os pantaneiros, que também seguem no Pantanal sabendo lidar com a ocupação e a conservação. Depois, temos os registros de outros esforços de pessoas que também se dedicam pela conservação desse Patrimônio Natural da Humanidade”, comentou Rabelo.

O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do Planeta e apesar de ser o menor em extensão territorial no Brasil, abriga 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos, conforme dados do Ministério do Meio Ambiente. Além disso, o Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros por Satélite – PMDBBS, realizado com imagens de satélite de 2009, mostrou que o Pantanal mantêm 83,07% de sua cobertura vegetal nativa. Mais de 90% do bioma está em propriedades privadas, enquanto 4,6% estão classificadas como unidades de conservação, dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção integral e 1,7% a UCs de uso sustentável.

A participação de Rabelo na reunião do The Explorers Club ocorreu porque ele foi nomeado, neste ano, como uma das 50 pessoas a fazer a diferença no Planeta. A escolha foi feita por integrantes do The Explorers Club e o presidente do IHP entrou na lista do EC50 2024. Concorreu com mais de 200 pessoas indicadas. Seus apoiadores na nomeação foram Dereck Joubert e Beverly Joubert, exploradores que atuam diretamente pela conservação da vida selvagem e desenvolvimento sustentável em países africanos. O casal convidou, neste mês, o governador Eduardo Riedel (PSDB) para conhecer iniciativas que são realizadas no continente africano.

Além do presidente do IHP, os brasileiros nomeados nesse grupo chamado EC50 deste ano foram a geóloga Fernanda Avelar Santos, o ictiologista Luiz Rocha, o designer naturalista Lvcas Fiat e o paraquedista profissional Luigi Cani. Além dos brasileiros recém-nomeados, personalidades mundiais fazem parte do Clube, como a ex-astronauta e géologa Kathryn Sullivan, veterana de três missões a bordo de ônibus espacial; o geneticista e biólogo nuclear James Dewey Watson, um dos autores do modelo de dupla hélice para estrutura da mólecula de DNA; bem como o explorador que fez parte do primeiro voo solar ao redor do mundo, concluído em 2016, André Borschberg; e Dominique Gonçalves, criadora do Programa de Ecologia de Elefantes no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, entre outras pessoas.

Também em Nova Iorque, a diretora-executiva do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, localizado em Corumbá (MS), Márcia Rolon, participou dos eventos abertos do The Explorers Club para divulgar o trabalho de diminuir a vulnerabilidade social de crianças e adolescentes da região de fronteira do Brasil por meio da arte.

 

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Cotidiano

Com 300 doses disponíveis, vacinação contra dengue deve acabar nesta semana

Aproximadamente 130 doses estão sendo aplicadas por dia; segundo a expectativa da pasta é que a vacinação se encerre até o final desta semana.

23/04/2024 18h15

Gerson Oliveira/

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As vacinas contra a dengue com prazo de validade até 30 de abril e que estão disponíveis pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) devem ser aplicadas até o final desta semana. A expectativa da pasta é que nenhuma dose deve ser descartada em Campo Grande. 

De acordo com a secretária, cerca de 130 doses estão sendo aplicadas por dia nos postos de saúde da cidade. Por causa disso, a expectativa é que todas as doses que estão perto do vencimento sejam aplicadas até sexta-feira (26).

A baixa procura do imunizante em Mato Grosso do Sul levou o Ministério da Saúde a informar aos municípios para ampliar a idade de vacinação. Segundo a pasta, pediu para todas as cidades priorizar a faixa etária entre 6 e 16 anos, mas com imunização ampliada para pessoas entre 4 e 59 anos. 

A medida foi tomada para reduzir a perda de doses que estão perto do vencimento, cabendo a cada município definir a estratégia de aplicação.  As doses que estão sendo utilizadas vencem no dia 30 de abril. 
 
Segundo a Sesau, em Campo Grande tem cerca de 300 doses estão espalhadas pelos postos de saúde da Capital. 

 

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