A maioria dos líderes dos partidos no Congresso apoia a criação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar a atuação dos Black Blocs nos protestos de rua. O autor do pedido e responsável pela coleta de assinaturas é o deputado Fernando Francischini, líder do Partido Solidariedade.
Francischini suspeita que existam interesses políticos por traz do estímulo à violência, que teria como objetivo reduzir o número de manifestantes. “Investigar se há aliciamento, financiamento de pessoas que são contratadas para quebrar, destruir e afastar a população de bem das manifestações. Estamos no ano da Copa e muita gente tem interesse em afastar a população das ruas do nosso país, evitando a cobrança por mais saúde, segurança, educação, e tarifas mais baixas do transporte coletivo”.
A adesão dos líderes serve como uma sinalização para os parlamentares das legendas. Para ser implantada, a CPMI precisa da assinatura de 171 deputados e 27 senadores.
O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho, explica por que o principal partido da base aliada decidiu não entrar na lista. “Há uma diferença entre quem vai para o movimento praticar um ato criminoso e aquele que vai para o movimento e, por alguma razão, de maneira indignada, age de maneira até parecida com um ato criminoso. Há uma tênue diferença e o legislador tem que tomar um grande cuidado”.
Os políticos favoráveis à comissão querem que ela seja criada até abril. A tramitação dos projetos contra a violência nos protestos está em um ritmo bem menor do que o prometido depois da morte de Santiago Andrade.
O presidente da Câmara, Henrique Alves, explica o que significa o termo "votação rápida". “Eu acho que rápido quer dizer votar no mês de março. O importante é o espírito. Nada de radicalismo, de se pensar em ato de terrorismo. Tem nada a ver uma coisa com a outra”.
Existem mais de 40 propostas sobre o tema aguardando a votação dos parlamentares. E chegará mais um em breve, elaborado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que apresentou um esboço ontem aos jornalistas. “Eu quero, até o final da semana, ter esse texto fechado. Não é uma lei fácil de ser feita, mas ela será feita e buscará tratar com muito rigor abusos”.