São Paulo
A classe C ampliou sua participação para 49% da população brasileira em 2009, ano marcado pela crise econômica global, ante 45% no ano anterior, chegando a 92,85 milhões de pessoas.
Já as classes A/B subiram de 15% para 16% do total, enquanto as D/E caíram de 40% para 35%, de acordo com pesquisa divulgada ontem pela Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas, em conjunto com a Ipsos.
Segundo o “Observador Brasil 2010”, a expansão da classe C chegou a 15 pontos percentuais, considerando os dados desde 2005, quando essa fatia da população representava 34% do total. Naquele ano, as classes A/B respondiam por 15% e as D/E, por 51%.
Nos últimos cinco anos, a classe C ganhou 30,15 milhões de consumidores, sendo 8,23 milhões entre 2008 e 2009. Já os segmentos D/E perderam 26,05 milhões desde 2005, dos quais 8,94 milhões no último ano.
“Nos próximos anos, a classe C deve ter crescimento menor, mas continuar em expansão”, avalia Marcos Etchegoyen, diretor-geral da Cetelem no Brasil.
As classes sociais utilizadas no estudo são as definidas pelo CCEB (Critério de Classificação Econômica Brasil), fornecido pela Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa).
O conceito não considera a renda e leva em conta itens como posse de eletrodomésticos (televisão, rádio, aspirador de pó, máquina de lavar, DVD, geladeira, freezer), de carro para passeio, quantidade de banheiros na casa e grau de instrução do chefe da família.
Com isso, o benefício fiscal concedido pelo governo federal com a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para móveis e veículos foi uma das razões para a mobilidade social no país no ano passado, aponta Elisa Bernd, gerente de pesquisa da Ipsos.
Renda
Entre 2008 e 2009, a renda familiar média mensal caiu nas classes A/B, de R$ 2.586 para R$ 2.533, mas subiu na C (de R$ 1.201 para R$ 1.276) e nas D/E (de R$ 650 para R$ 733). “A crise afetou mais o topo da pirâmide”, conclui Etchegoyen.
Na análise por regiões, o Nordeste e o Sudeste tiveram aumento na renda familiar mensal semelhante entre 2008 e 2009, de R$ 178 e R$ 179, respectivamente, embora o valor ainda esteja bem distante: R$ 884 e R$ 1.496.
Sobre investimentos, a pesquisa constatou que a classe C foi a única que direcionou mais dinheiro para aplicações em 2009 do que em 2008, passando de R$ 209 para R$ 633. “O consumidor [desse estrato da população] ficou mais prudente, mais maduro”, avalia Marc Campi, diretor da Cetelem na América Latina.
O levantamento se baseou em uma amostra de 1.500 entrevistas, realizadas entre os dias 18 e 29 de dezembro de 2009 em 70 cidades, abrangendo nove regiões metropolitanas do País.