Parceria pode ajudar a levantar a Usina Quebra Coco em Sidrolândia
3 MAR 10 - 05h:51
A Marambaia Energia Renovável
e o Grupo J. Pessoa
— controlador das usinas de
açúcar e álcool em Brasilândia
e Sidrolândia — iniciaram estudos
para avaliar uma possível
parceria. O comunicado
que trata da aproximação foi
enviado à Comissão de Valores
Imobiliários (CVM) no último
dia 26. Se a sociedade for concretizada,
a Marambaia, sob o
comando do banqueiro Luiz
César Fernandes (ex-Pactual e
Garantia) ficará com os ativos
do Grupo J. Pessoa que, em troca,
terá participação societária
na companhia.
Está prevista ainda a captação
de recursos no mercado,
pela Marambaia, para financiar
os investimentos necessários
para a modernização e expansão
das usinas do grupo. A
análise de viabilidade do processo
tem prazo de 120 dias.
Durante esse período, as duas
empresas comprometeram-se
a não negociar com terceiros.
Segundo o documento, o
Grupo J. Pessoa, presidido por
José Pessoa de Queiroz Bisneto,
tem “vasta tradição e experiência”
no setor sucroalcooleiro,
com capacidade de produção
de 450 milhões de litros de
álcool e 200 mil toneladas de
açúcar em suas cinco unidades
no Brasil.
Ainda que tradicional, o
grupo não está na melhor forma.
No fim do ano passado,
para evitar fechar as portas, o
J. Pessoa solicitou recuperação
judicial. A unidade instalada
em Quebra Coco, distrito de
Sidrolândia, concedeu férias
coletivas aos trabalhadores e
funciona em caráter de manutenção.
De acordo com o
subprefeito do lugar, Adalberto
Camargo, a Companhia
Brasileira de Açúcar e Álcool
(CBAA), comandada pelo grupo,
emprega mais da metade
da população de 2.500 habitantes.
“A situação já foi pior,
quando mais gente não recebia.
Hoje, só restam alguns
sem receber”, conta Camargo.
Expansão
Em meados de fevereiro, a
Câmara de Vereadores de Sidrolândia
promoveu audiência
pública para debater o projeto
de expansão da unidade, que
prevê aumento na capacidade
de processamento de 260 toneladas
para 1.200 toneladas
de cana por hora. A presidente
da Câmara, Rosangela Rodrigues
dos Santos (PMDB), disse
ao Correio do Estado que, para
isso, a empresa anunciou investimento
de R$ 50 milhões.
Desse total, R$ 250 mil (0,5%)
deverão ser destinados a minimizar
os impactos ambientais
causados pela ampliação do
empreendimento.
As explicações dos representantes
da sucroalcooleira
não convenceram a presidente,
que prefere “não polemizar”
sobre o assunto por achá-lo
“prematuro”. Em entrevista ao
site da Câmara, ela disse: “é injusto
que Sidrolândia absorva
o passivo ambiental do empreendimento
(alteração da qualidade
do ar e contaminação do
solo, por exemplo) e as medidas
para reduzir esse impacto
beneficiem os municípios vizinhos.
Sem contar que a cidade
terá de absorver a demanda
adicional por saúde, educação,
habitação, com a contratação
de mais trabalhadores com
ampliação da usina”.
Suspensão
A Marambaia teve o registro
suspenso pela Comissão de
Valores Mobiliários, em 4 de
janeiro, por descumprir obrigações
periódicas que pesam
sob empresas de capital aberto.
A punição é adotada para
coibir a falta de repasse de
informações das companhias
para a comissão, que regula
a participação no mercado
financeiro. Para anular a suspensão,
a empresa tem prazo
de um ano, ou seu registro será
cancelado.