O prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), reconheceu ontem o momento difícil do governador André Puccinelli (PMDB) no processo sucessório presidencial. “André está entre a cruz e a espada”, declarou o prefeito, referindo-se à indefinição de apoiar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ou o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), à Presidência da República. “Não será uma decisão fácil”, comentou. O que mais atormenta o governador, na avaliação do prefeito, é a incerteza do PSDB de contar com Serra na disputa presidencial. “Será que Serra vai ser candidato?” indagou o prefeito. Ele mesmo respondeu: “ninguém sabe”. Então, afirmou o prefeito, o quadro eleitoral está confuso e deixando os aliados do PSDB numa situação de dificuldade. O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), assegurou a candidatura de Serra como fato consumado até 31 de março. Mas Nelsinho tem dúvida. Este é o mesmo sentimento de incerteza do governador. Estrago O grande problema de André, segundo Nelsinho, é saber o tamanho do estrago eleitoral que pode sofrer com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de José Orcírio dos Santos (PT). “Até fim de março, pode ter certeza, o PMDB vai encomendar até quatro pesquisas para medir o efeito Lula na sucessão estadual”, disse. Uma coisa é considerada certa para o prefeito: André vai ter prejuízos eleitorais em qualquer decisão que tomar na sucessão presidencial. “A pesquisa vai indicar o caminho menos pedregoso para o governador percorrer na sua luta pela reeleição”, afirmou. “O que vai nos prejudicar mais: Lula apoiando Zeca (José Orcírio) ou Marisa (senadora Marisa Serrano, do PSDB) concorrendo ao governo do Estado?” perguntou o prefeito Nelsinho Trad. “A pesquisa vai ser fundamental para a decisão de André”, acredita o prefeito. “A opinião do eleitor vai ser a referência para o governador não errar”, observou. Para o prefeito, a dificuldade de André de se definir na sucessão presidencial é porque “está em jogo a sua reeleição”. Se não fosse a disputa pelo governo, André estaria livre da pressão e muito à vontade para apoiar quem quisesse à Presidência da República. “Mas não é isto que está acontecendo”, argumentou o prefeito. Segundo ele, se o governador apoiar a Dilma, pode enfrentar a senadora Marisa Serrano, uma tradicional aliada. Mas se optar por candidato tucano na sucessão presidencial, terá Lula na campanha de José Orcírio. “Imagina só o que está passando pela cabeça do André”, comentou Nelsinho. O prefeito observou não passar pelo mesmo problema do governador. “Já tenho posição definida: vou apoiar a ministra Dilma Rousseff”. A vantagem sobre André, comentou Nelsinho, é de não disputar a eleição. “Não sou candidato a nada”, resumiu. Ações municipalistas O prefeito Nelsinho Trad apontou as ações municipalistas do governo Lula como a principal causa para apoiar a candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República. “Não são os grandes investimentos federais em Campo Grande que me levaram a ficar com Dilma”, esclareceu. “O meu sentimento é acreditar no presidente Lula por tudo que vem fazendo ao País, a Mato Grosso do Sul e, sobretudo, a Campo Grande”, afirmou. Nelsinho observou o mesmo sentimento dos outros prefeitos. “A maioria pensa como eu”.