Após a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disparar contra a oposição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou para provocar ontem os adversários, afirmando que tem certeza de que fará o seu sucessor. Durante a inauguração da Escola Técnica do Instituto Federal Norte de Minas, em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, Lula vinculou eventual vitória da oposição na eleição presidencial de outubro a um retrocesso e disse que “ninguém precisa acreditar em fantasias e em promessa de última hora”. Depois de falar em “revolução na educação” brasileira durante sua gestão, o presidente disse que espera que seu sucessor invista ainda mais na construção de escolas profissionalizantes. “Deus queira que quem vier depois de mim – eu fiz 214 –, que faça 300, que faça 400, que invista muito mais”, afirmou Lula, para em seguida cutucar os opositores. “Sabem que eu não posso discutir eleição. A única coisa que eu tenho certeza é que nós vamos fazer a sucessão presidencial. Que me desculpem os adversários, mas nós vamos ganhar para poder ter continuidade essas coisas”. Para uma plateia em sua maioria de petistas, o presidente argumentou que, “se para tudo que está acontecendo no Brasil”, o País irá retroceder. “Todo mundo sabe como é que é. Portanto, ninguém precisa acreditar em fantasias e em promessa de última hora. Quem sabe faz, quem não faz, promete”. Antes, Dilma, a virtual presidenciável petista, já havia reiterado os ataques contra o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), acusando-o de planejar o fim do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em um discurso no qual engasgou quatro vezes, Dilma repetiu também a acusação de que os tucanos pretendiam, em 2006, acabar com o Programa Bolsa Família. A pré-candidata afirmou ainda que o atual Governo precisou revogar um decreto da administração anterior, que impedia os investimentos nas escolas técnicas. “Só tinha um jeito de fazer o investimento, se a prefeitura pagasse pelo funcionamento, os salários dos professores, pagasse por toda a estrutura da escola. Agora nós mudamos essa situação”, disse. “Vamos fazer mais escolas técnicas do que foi feito ao longo de toda a história do nosso País”, prometeu. Aécio Além de Dilma, Lula levou para a inauguração outros três ministros: Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), foi representado pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alberto Duque Portugal. Porém, outro Aécio presente, o prefeito da cidade, Aécio Jardim (PDT), não escapou das vaias da plateia todas as vezes que seu nome era anunciado. Na política local, o prefeito sofre oposição do PT e seu partido é aliado do governador tucano. Ao mesmo tempo, o público presente ovacionou a ex-prefeita, a petista Maria do Carmo Ferreira Silva, muito à vontade no palanque. A situação incomodou o presidente, que reclamou que a divergência política local poderia servir de munição para a imprensa não “enaltecer” a inauguração da escola técnica. “As divergências políticas têm que se manifestar na democracia, mas num ato institucional, a gente está dando um pretexto para os adversários falarem mal de nós”. A unidade consumiu investimentos de R$ 4 milhões e até o fim do ano serão oferecidas 520 vagas para cinco cursos técnicos. Esvaziado Porém, diante de um sol escaldante, o evento acabou esvaziado. Cerca de 500 pessoas compareceram à inauguração, mas boa parte do espaço reservado para os populares permaneceu vazio. Lula chegou a reclamar com sua equipe, observando que o ato poderia ter sido feito no ginásio ou na área urbana da cidade, “onde a chance do povo ir a pé, sem precisar pegar ônibus, era muito maior”. O presidente ressaltou que existem mais 100 escolas técnicas para serem inauguradas. “É importante que a gente não cometa mais esses equívocos, que a gente possa deixar o povo numa situação confortável, porque vocês estão tomando um sol na cara há pelo menos quatro horas já”. Em clima de campanha, Lula finalizou seu discurso dizendo que em Juiz de Fora (MG) iria se encontrar com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e se comprometeu em fazer esforços para a construção de um hospital na cidade.