Papa intervém para tentar calar “ataques injuriosos e injustos”
10 FEV 10 - 22h:53FRANCE PRESSE
O papa Bento XVI interveio
ontem para calar “os
ataques injuriosos e injustos”
lançados contra o Vaticano
na imprensa italiana, e
desmentiu com uma nota os
rumores de conspirações e intrigas
entre destacados eclesiásticos.
“O Papa está sendo
informado permanentemente
sobre o que ocorre, e lamenta
os ataques injustos e injuriosos”,
advertiu em um comunicado
oficial a Secretaria de
Estado da Santa Sé.
Trata-se de uma resposta
pouco habitual, já que o
Vaticano tradicionalmente
guarda silêncio frente a todo
tipo de escândalos, sobretudo
quando envolvem importantes
cardeais, bispos ou pessoas
próximas ao atual chefe de
Estado italiano, Silvio Berlusconi.
O caso explodiu no meio
do ano passado, quando Dino
Boffo, diretor do Avvenire, influente
jornal do episcopado
italiano, precisou se demitir
do cargo depois de noticiado
na imprensa que ele havia sido
condenado pela justiça por
abusar sexualmente de uma
mulher para que ela deixasse
seu noivo, com quem mantinha
uma relação homossexual.
A informação, que gerou
alvoroço nos meios de comunicação,
foi desmentida meses
depois pelo próprio autor
da notícia, o deputado Vittorio
Feltri, diretor do jornal Il
Giornale, de propriedade da
família Berlusconi. O parlamentar
poderá ser suspenso
ou expulso pela ordem dos
jornalistas.
A campanha contra Boffo
gerou uma tempestade política,
sobretudo porque o jornalista
católico é um dos maiores
críticos da vida desregulada
do primeiro-ministro e de
suas festas em mansões com
jovens prostitutas.
Apesar da renúncia de Boffo,
o caso foi reaberto cinco
meses depois e terminou envolvendo
respeitados cardeais,
após Feltri revelar que o
documento que acusava Boffo
de homossexualismo era
falso. Segundo a imprensa
italiana, o diretor do jornal
do Vaticano L’Osservatore
Romano, Giovanni Vian, e o
cardeal Tarcisio Bertone, Secretário
de Estado da Santa
Sé e braço direito do Papa, estariam
por trás das acusações
contra Boffo.
Para editores e observadores
de assuntos da Santa Sé,
os instigadores do complô estariam
dentro dos muros do
Vaticano e, mais do que problemas
sagrados, conspiram
pelo poder terreno.
“As informações e reconstruções
dos atos não têm fundamento
algum”, afirmou o
comunicado da Secretaria de
Estado da Santa Sé.
“É falso que membros do
Vaticano ou que o diretor do
L’Osservatore Romano tenham
entregue os documentos
que levaram à demissão”
de Boffo, explicou a nota.