Os pais da menina Mibsan,
que nasceu morta depois que
dois médicos trocaram socos
num centro cirúrgico, em Ivinhema,
entrarão com processo
na Justiça contra o município, o
hospital e os profissionais por
danos morais e materiais. O casal
Gislaine de Matos Rodrigues
e Gilberto de Melo Cabreira,
ambos de 32 anos, pretendem
pedir pensão alimentícia e tratamento
psicológico.
Na tarde de ontem, os dois
estiveram em Campo Grande e
se reuniram com a advogada
Giovanna Trad Cavalcanti para
resolver a questão judicial deste
caso. Conforme a defesa, o
processo será ajuizado em duas
semanas.
Apesar de não revelar quanto
o casal pretende pedir na
ação, Giovanna explicou que o
valor será proporcional ao sofrimento
da família, “que não
é pequeno porque trata-se de
uma morte”, adiantou. Recibos
e notas fiscais que comprovam
gastos antes e depois do nascimento
do bebê estão sendo
providenciados para estimar a
despesa da família, que pedirá
ressarcimento.
A advogada disse ainda que
irá requerer pensão alimentícia
para compensar o retorno
financeiro que a filha daria
aos pais a partir do momento
em que começasse a trabalhar.
Giovanna esclareceu que documentos
como o prontuário de
Gislaine e a certidão de óbito
da criança são suficientes para
comprovar que houve imprudência
e negligência no caso.
“Qualquer pai ou mãe faria
o que estamos fazendo. Se estivéssemos
com nossa filha agora
no colo valeria mais que tudo,
mas como não estamos queremos
Justiça”, desabafou o pai
de Mibsan. Já a mãe, que tirou
os pontos da cirurgia recentemente
e ainda caminha com
dificuldade, se emociona toda
vez que lembra da filha. “Não é
fácil passar pelo que estamos
passando”, garantiu limpando
as lágrimas do rosto.
Caso
Na disputa para fazer o parto,
os médicos Orozimbo Ruela
e Sinomar Ricardo se agrediram
em frente a gestante Gislaine,
que após o episódio deu à luz
um bebê morto na noite do dia
22 de fevereiro, no Hospital
Municipal de Ivinhema.
Orozimbo teria iniciado o
parto da sua paciente quando o
plantonista Sinomar entrou na
sala desaprovando a presença
do colega. O desentendimento
evoluiu e os médicos se agrediram
na frente da gestante. O
procedimento foi interrompido
e retomado uma hora depois
por terceiro médico.
Um inquérito policial foi
instaurado e o Conselho Regional
de Medicina (CRM)
também abriu sindicância
para avaliar a conduta dos
profissionais. Segundo informações,
médico que atua em
Ivinhema ganha em média R$
15 mil por mês. Cada plantão
paga em torno de R$ 700 e o
Sistema Único de Saúde (SUS)
repassa R$ 175,19 por parto
normal e R$ 150,09 em caso
de cesariana.