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Os "Palha Seca"

Os "Palha Seca"

*RUBEN FIGUEIRÓ DE OLIVEIRA, SUPLENTE DE SENADOR

24/03/2010 - 09h12
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N’outro dia, no remanso de um dia de domingo, li o estribilho de um salmo responsorial retirado da liturgia católica dizendo que “É feliz quem a Deus se confia” e, num dos trechos iniciais (do Salmo), “Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos”; logo a seguir “ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento”. Destes profundos e maravilhosos trechos bíblicos, além da advertência que neles se contém, pode-se tirar algumas conclusões sobre o que ocorre em nossa vida cotidiana. Versei por muitos e muitos anos pela vida pública, onde houve entrechoques de ideias e interesses. Evidente que conheci a personalidade de muitos políticos e poderia catalogá-los de A a Z, tal a variante e a multiplicidade de suas atitudes, verdadeiros Voul au Vent, no dizer dos gauleses - suas condutas se dispersam no vento ocasional. São os palhas secas, na linguagem pura e multi secular do texto bíblico. Tais palhas secas aparecem com mais frequência nos períodos eleitorais, isto quando na turbulência dos pleitos, e lá se vão ao ar, dispersados pelos compromissos da coerência, da lealdade e da fidelidade – princípios básicos do manual de quem deseja exercer, com exemplaridade, a política partidária. O deletério fenômeno já começou a ocorrer. Alguns já estão ao vento procurando um chão conveniente; outros estão próximos de alcançar a altura da conveniência, que lhes dá a aparente segurança de um pátio pleno de satisfações “pessoais”... Dispendioso, porque desnecessário, nomear tais transfugas. Não precisa uma leitura atenta dos jornais, na expressão jocosa e inteligentemente dissimulada dos locutores e dos comentaristas das televisões, para se concluir quais são, tanto na cena da política estadual como da nacional. Como diz o acento popular, estão na cara. Por que isso ocorre? Diria que, em grande parte, por um passo em falso dado nos primórdios do sistema militar, movimento político implantado pela Revolução de 1964, que ainda hoje considera-se ter sido necessário para evitar que o país caísse na lama de um regime stalinista, portanto cruel pelo cerceamento radical da liberdade – expressão maior da cidadania. Foi pela edição do AI – II, que extinguiram-se os partidos políticos então existentes, tais como a UDN, o PSD, o PTB e outras siglas de menor sentido eleitoral. Porém, todas com assento firme na concepção política do cidadão brasileiro. Em decorrência, veio a bagunça partidária com dois partidos biônicos que nem bem representavam os propósitos da Revolução e nem daqueles que a estigmatizavam. Tais agremiações se transformaram numa geléia sem cor, sem corpo e sem gosto. Os interesses subalternos começaram a prevalecer. Com o tempo, mudaram-se as siglas, mas a geléia mantem a mesma textura e o mesmo sabor. Sem dúvida, partidos como PSDB, PT, DEM, PSB, PPS, PV, PC do B e PSOL têm estrutura programática consistente e merecem a preferência do eleitor, conforme sua concepção dogmática ou filosófica. No entanto, estão infestados de “palhas secas”, muitos dos quais chegam a ocupar postos de comando. D’aí a inconsistência política que, com toda razão, afugenta o cidadão brasileiro – gato escaldado – dos atuais partidos políticos nacionais .

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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