Fernanda Brigatti
O candidato do PT ao governo do Estado, José Orcírio dos Santos, foi surpreendido pela orientação do diretório nacional, de romper as alianças locais com partidos que tenham candidato à Presidência, e não deseja revogar, em Mato Grosso do Sul, a coligação com o PV. A aliança é considerada, por Orcírio, como estratégica e importante. Nacionalmente, o PV tem a candidata a presidente Marina Silva. O candidato petista acredita que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não manterá a proibição aos palanques eletrônicos nos estados.
Ontem, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, recomendou aos diretórios regionais que rompam as coligações com legendas que tenham candidato à Presidência da República.
No caso do PT de Mato Grosso do Sul, o PV indicou a candidata a vice de Orcírio, a advogada douradense Tatiana Azambuja Ujacow. “Te confesso que eu não sei, estou direto na campanha. Tem que analisar isso. Para nós, é uma aliança estratégica, importante”, disse.
Orcírio afirmou, no entanto, que confia em uma nova decisão do TSE sobre o uso da voz e imagem dos candidatos à Presidência e militantes nas campanhas regionais. Na terça-feira (29/06), o TSE decidiu que candidatos a governador, vice e senador não podem exibir imagem ou voz de candidatos à Presidência ou seus aliados caso sejam adversários na corrida pelo Planalto.
O entendimento, no entanto, foi confuso. Partidos, coligações e advogados interpretavam a decisão de maneiras diferentes. Baseado nisso, o TSE decidiu não publicar a decisão, mantendo o teor sem aplicabilidade. A corte deve voltar a discutir o assunto a partir do mês de agosto. O presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandovski, admitiu a confusão e postergou para a partir de 2 de agosto a avaliação do assunto.
Para o candidato petista ao governo, a decisão inicial do TSE foi discriminadora. “Como pode proibir o Lula de falar da Dilma, como pode proibir a Tatiana de falar da Marina (nas campanhas em Mato Grosso do Sul)? É uma discriminação, não tem como”, afirmou.
Preocupação
Apesar do recuo do TSE, o Diretório Nacional do PT não quer correr o risco de perder o direito de exibir o presidente Lula ou a candidata petista à Presidência, Dilma Roussef, e orientou o rompimento com as coligações. Ao Estadão, Dutra afirmou que era melhor perder os 15 a 30 segundos de propaganda a mais que as coligações proporcionavam a ficar sem a imagem da candidata e do principal cabo eleitoral dela.
Para o presidente nacional do PT, o risco de o TSE manter a decisão pela proibição existe e deve ser evitado. Como a decisão do TSE foi tomada após as convenções, Dutra acredita que qualquer coligação perde a segurança jurídica com a indefinição imposta pelo tribunal.
Nesta semana, o PT de Mato Grosso do Sul já tinha definido não abrir mão da participação de Dilma e Lula na propaganda eleitoral de rádio e televisão, enquanto a decisão não se tornasse uma recomendação expressa. Ainda assim, o candidato ao governo, José Orcírio, já elaborava um plano B, caso fique vetado de usar a imagem da candidata à Presidência: usar a campanha de rua para divulgar o nome da presidenciável petista, mesmo tática que deve ser utilizada por sua companheira de chapa, Tatiana, para pedir votos para a verde Marina Silva.
A decisão do TSE poderia afetar também a campanha à reeleição do governador André Puccinelli (PMDB), que se aliou ao PSDB e anunciou apoio a José Serra, adversário da chapa que tem o peemedebista Michel Temer na vice.