A vendedora Luzia A lmeida, 30 anos, sempre que presenciava a filha de 5 anos tentando levar a leiteira de um ponto a outro da cozinha, não pensava muito e dizia: “Não faça desse jeito que você vai cair”. Ela reconhece: “Dizendo dessa maneira, a probabilidade da minha filha cair era grande”. Hoje, mudou a forma de alertá-la do perigo. “Prefiro dizer: tome cuidado”. Luzia acredita que a palavra tem poder. Pode estabelecer aspectos positivos e negativos na vida pessoal e profissional de qualquer pessoa. Ela não está sozinha. Ao contrário. O número daqueles que acreditam na força da palavra aumenta cada vez mais. Isso pode ser verificado por meio do interesse em torno da Programação Neurolinguística (PNL). “Fiz um curso há um ano e notei que teve grande efeito no meu cotidiano, tanto em casa como no trabalho. No caso deste, se a gente apresenta proposta para um cliente achando que não vai dar certo, com certeza, o negócio não vai sair mesmo”. A técnica PNL surgiu na Califórnia (Estados Unidos), na década de 1970, por meio de dois profissionais da área universitária, que investigaram o sucesso de algumas personalidades. A partir desse período o método se espalhou pelo mundo. O nome já explica muita coisa. Programação: nós temos várias sendo algumas conscientes e outras inconscientes. Por exemplo, fazer compras, ir à aula e acordar cedo são programações que você já conhece e que estão registradas individualmente, conforme a rotina de cada pessoa. Já ficar nervoso (a) diante do seu chefe, ansioso(a) antes de uma prova ou emocionado(a) com um filme são reações que nem sempre você espera, mas que vêm à tona porque também estão registradas de alguma forma. Neuro: são os comandos que temos para executar esses programas. E linguística: como passamos isso para um plano real, ou seja, como conversar consigo e com os outros. “A l inguagem molda o comportamento e é em cima disso que a neurolinguística atua”, explica Francisco Teixeira, que há 18 anos estuda o assunto e há 6 anos ministra cursos na área em Campo Grande. “Muita gente diz: ‘não vou conseguir’ e não consegue mesmo. Agora, se disser vou consegu i r, com certeza, o camin ho para o sucesso será mais fácil. Para obter o resultado satisfatório utilizamos várias técnicas. A neurolinguística é eficaz em áreas diversas, inclusive a terapêutica. Ela não se confronta com a psicologia, inclusive tem muitos profissionais da área utilizando”, destaca Francisco. Diz que até problemas de fobia foram solucionados com a técnica. “Não é algo milagroso, o resultado está na própria pessoa, não no terapeuta”. Segundo o instrutor, com a neurolínguista as pessoas aprendem a conversar adequadamente com o seu inconsciente, potencializando-se para atingir metas e objetivos pessoais, aprendendo como reprogramar sua própria vida, descobrir possibilidades, construir mais escolhas e tornarem- se mais confiantes. “No caso de quem vai fazer concurso público, serve para a pessoa ter controle emocional. Outro aspecto é sobre as crenças negativas. Muitos ficam focados mais nos concorrentes do que no seu real pontencial, isso atrapalha na hora da disputa”, aponta Francisco. “O autoconhecimento é a chave de tudo. Ao atingir o equilíbro e reconhecer o seu eixo, a comunicação com os demais flui melhor”, é o que diz a psicóloga Rebeca Fischer. Ela faz parte da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística (SBPL). Segundo a psicóloga, um trauma que levaria anos para ser tratado com a psicanálise pura, por exemplo, pode ser resolvido em duas ou três sessões com a aplicação da PNL. Não existe dependência do paciente com o profissional e melhor: a pessoa adquire uma ferramenta para utilizar em outras situações. “O problema que está registrado na ‘gaveta’ dos traumas, ao ser identificado pode ser realocado para a gaveta da rotina através de um exercício e se tornar mais ‘leve”, explica a psicóloga. Sem mágica. Só transformações de hábitos que permitem uma evolução real do ser humano. Na verdade, segundo ela, tudo gira em torno da forma que enxergamos as coisas. E é na linguagem que o empresário Edison Claro, 53, aposta. “Eu estou sempre ligado na fala. Não só na minha, como na dos outros. Além de captar melhor as mensagens, acho importante mostrar às pessoas o valor das palavras certas”, diz. Exemplificando: odiar é um verbo cortado do seu vocabulário. Muito pesado. Da mesma maneira, ele nunca tem um resfriado. No máximo, pode estar com um resfriado. Ou pode querer visitar a mãe, ao invés de precisar. E jamais irá se esquecer das coisas, sempre se lembrar. O que é bem diferente. Mudanças sutis no seu dicionário particular e que deixam a vida mais prazerosa. “Não dá para encarar tudo como uma obrigação ou acreditar em um estado permanente”, afirma o empresário. Para Edison, aplicar a PNL na sua rotina só gerou fatos positivos, como ser dono de seu negócio, quadriplicar o resultado de sua empresa e melhorar o relacionamento com os filhos. “Não dá para sair impune da Programação Neurolinguística”, afirma sorrindo.