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O homem que desafiou o tempo

O homem que desafiou o tempo

Redação

04/05/2010 - 07h33
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Quando do falecimento do líder francês, o presidente François Mitterand, a beira de seu túmulo alguém teria dito: “só se conhece o homem, após sua morte”. Para mim e para todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com José Manoel Fontanillas Fragelli aquela exortação não se insere na sua personalidade. Fragelli foi transparente em seus atos e pensamentos por toda a sua existência.

Folheio nas páginas do tempo para lembrar que conheci Fragelli no ano de 1947, ele candidato a deputado estadual, já vibrante e consagrado nas tribunas do júri popular e dos comícios públicos, nestes na divulgação dos ideais democráticos recentemente restaurados com a queda do Estado Novo, tudo mercê sua profunda cultura jurídica que se alicerçava em proficientes conhecimentos humanísticos; na época, eu, já seu admirador, era um estudante ginasiano com gosto pela política. D’aí para frente meu respeito e admiração pela sua figura política só cresceu, culminando por uma fraterna amizade que atravessara os umbrais da generosa saudades dos momentos.

Lá se vão, pois, muito mais do que meio século. Nesse longo tempo sua influência na política de nossos Mato Grosso e na Federação Brasileira foi marcada por passos de um autêntico líder. Fragelli, não se preocupava tão-somente com as magnas questões de interesse público, debatendo-as com um vigor quase carbonário, tanto para louvá-las, como para vibrar em combate-las, como dava minuciosa atenção aquelas do dia a dia que ora diziam à defesa de seus companheiros políticos, ora se referiam às questões da rotina administrativa, isto como secretário de estado, governador ou como presidente do Senado da República, onde o primado sempre foi absoluta exação no zelo do bem público – na defesa do qual jamais tergiversou.

Na longa caminhada ao seu lado, pude testemunhar eloquentes episódios de seu sentimento de solidariedade aos que o acompanhavam, às lideranças que lhe, como antecessoras, mostraram o bom caminho, tais como Vespasiano Martins, Fernando Corrêa da Costa e seu pai Nicolau Fragelli. Fragelli jamais arredou-se de sua trincheira democrática, intrépido, corajoso – até para o desforço físico, se necessário – sempre usou sua palavra flamante na defesa daqueles postulados que molduraram sua personalidade cidadã. Jamais tergiversou quando a luta era no combate à corrupção, ao compadrio e de todos os males crotálicos que, no passado, envenenavam os costumes políticos – hoje muito mais ainda. Recordo-me que numa das últimas visitas que fiz ao Fragelli (o visitava com certa frequência em sua residência em Aquidauana), já bem marcado pelos vincos da velhice, mas perfeitamente lúcido, foi candente quanto o que acontecia – e ainda hoje mais ocorre – no meio da política e lamentava a falta de lideranças com impeto cívico para combatê-las. Sentia eu que se o Fragelli pudesse reunir suas forças físicas, a sua inteligência aguda percuciente e ferina contra o que aí está, a sua presença seria na linha de frente.

Fragelli, sempre preocupado com os destinos do nosso Brasil e dos nossos Mato-Grossos irmãos, lega-nos um magnífico exemplo de honradez, dignidade, acentuado civismo e a princípios inarredáveis para com a família e com os valores maiores à cidadania. Fragelli é a estampa exata daquele expressão magistralmente ditada por Benjamin Disraeli, pensador e político britânico: “O verdadeiro homem público é aquele que pensa nas futuras gerações, não aquele que pensa nas próximas eleições”.

Os que lamentam a ausência do Fragelli em nosso convívio terreno sabem que ele foi muito, muito além nos seus méritos, os quais, saudoso, aqui registro. Seus exemplos desafiam o tempo.
 
Ruben Figueiró de Oliveira, suplente de senador

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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